domingo, 30 de outubro de 2016

Ana Wiesenberger





[Dissipar os medos]

Dissipar os medos
Construir esperanças
Pequenos castelos
Dourados
Triangulares
Com cabeças de esfinge
Nas extremidades

Agarrar o teu rosto
Trazê-lo comigo, à hora do meio-dia,
Para dentro da minha noite

Fazer-te Ser
Estar
Querer
Os meus sonhos de menina
Com a alça da minha mala, frágil
Macerada de tempo

Ana Wiesenberger, in “Idades”, página 38, edições Esfera do Caos, Maio de 2012.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Alice, meu tesouro





Pedaço de gente,
por quem se envolvem sentires
de uma ternura sem fim.

É entre o teu cabelo escuro
e o teu sorriso sonhador,
que brotam os caminhos
para as maravilhas que sonhas
nessa tua observação contínua.

Tesouro incalculável,
valor infinito,
que faz bater no peito
o palpitar do aconchego
e o mais amplo sentido
que me faz sentir um avô único.

Eis a riqueza almejada
e o vaticínio cumprido
no sorteio surpreendente
para um patamar milionário da vida.

É tão bom chamar-te Alice!...
Minha doce netinha,
que anseio o momento-próximo
em que, alegremente,
me chamarás: avô!
 
António MR Martins

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Carlos Nuno Granja (texto) & José Fangueiro (fotografia)






Pêndulo

Tu és o pêndulo.
Tu és o meu equilíbrio.
Tu és o meu solstício de Inverno,
a água no meu inferno,
a calma de um fogo terno.
Tu és as paredes do meu castelo…
o fio deste céu azul
que me atravessa o desafio.
Tu és uma só estrada
que me orienta um só caminho.
Tu és o meu solstício de Verão…
sem multidão… sem confusão…
em que vou eu ao teu encontro…
à minha espera no outro lado.





Carlos Nuno Granja & José Fangueiro, in “Poesia Objectiva” (texto de Carlos Nuno Granja e fotografia de José Fangueiro), página 51, foto na página 50, edições Alfarroba, Outubro de 2013.

Ficar ou partir


Imagem na net, em: Página a Página - WordPress.com



Pelo silêncio da minha saudade
resta a balada do rubor perdido,
sigla definidora da verdade
ante lampejos dum amor proibido.

Síntese da coerência permitida
êxodo dos átomos da ansiedade,
paradigma no decurso da vida
rastreio da ínfima felicidade.

No pulsar esfriado pelo tempo
sonegado por tanto contratempo
pela emergência de cada partir.

Atiçar da labareda fervente
e de todo o queixume consequente,
que só nos dá vontade de fugir.

 
António MR Martins