Olhos nos olhos
Com a lágrima escondida no canto,
olhei os teus olhos,
e neles vi…
os teus olhos, lindos e sofridos…
E sei que vi…
nos teus olhos, encanto…
um desencontro sofrido,
o desencontro, com que sempre sofri…
Olhos nos olhos…
olhei os teus olhos,
e neles vi…
os teus olhos, lindos e sofridos…
e sei que vi…
nos teus olhos, o pranto…
lançado dos teus olhos…
chorando… por mim,
pelos meus olhos…
que choram… quando te vêm assim…
E sei que vi…
nos teus olhos, a paixão… as lágrimas escondidas…
as palavras perdidas, na garganta muda…
mas que aos meus olhos, se revelaram…
como gritos de dor, queridos dar.
Mas dos teus olhos, no fim,
saíram as faíscas do Amor,
que acabas-te por revelar.
Olhos nos olhos… sei que vi!
…………
Amor
Já alguma vez sentiste esta dor?
Esta dor…
… sentida no coração?
Esta estranha sensação…
Este incómodo… este bem-estar…?
Este estar, sem estar…
Este sentir, sem sentir…
… flutuar, sem estar…
este estar, sem fluir?
Não!?
Então… nunca amaste…!
…………
Enigma…
Enigma…
Sou um enigma por decifrar,
tenho anátemas por contar…
fúrias por revelar…
segredos secretos contenho…
conservo-os com desdém,
guardo-os, no pensamento,
e sem um lamento…
deito fora a chave do cofre,
de chofre…
… sou um enigma…
até para mim…
…………
Octávio da Cunha
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Octávio da Cunha foi o primeiro autor da Temas Originais (eu o segundo) a ser editado com “A Intermitência dos Sentidos”. Recordo aquele dia 14 de Março de 2009, como uma bela recordação… tratamo-nos de companheiros. O Octávio hoje afastou-se deste mundo das palavras, pôs fim ao seu blogue (onde interagíamos amiudadas vezes) e deixou de publicar textos no site “Luso-Poemas”, local onde cruzámos nossas palavras inúmeras vezes. Diz ele que não está destinado a escrever e não mais vai produzir poesia, pelo menos no sentido de a tornar pública. Tenho um especial carinho pelo Octávio e uma grande admiração, disso já lhe fiz referência. Talvez nos voltemos a encontrar neste, para mim, inolvidável universo da palavra. Todavia aquele dia de Março do ano passado, jamais o esquecerei. Assisti ao lançamento do seu livro (li três dos poemas da sua obra), ele ao do meu e depois jantámos juntos. O Octávio da Cunha escreveu neste “A Intermitência dos Sentidos”, o seu primeiro e único livro, como se estivesse expressando oralmente para com o(a) destinatário(a) das suas palavras, à sua maneira. Um abraço companheiro!...
António MR Martins
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