Mulher Alentejana é madrigal
É aragem fresca, água que corre
É sentimento que nunca morre
Mulher Alentejana é farol
A sua luz faz inveja ao sol
É força agreste, terra barrenta
Fruta silvestre, amora preta
Veste-se de negro simples discreta
Esconde o choro num riso franco
Olha o campo é filho seu
Morreu na guerra, luto lhe deu
Raiva bravia, fundo barranco
Que lhe engoliu os sentires
Rugas na pele gasta p`lo sol
Já foi menina de frescas carnes
Foi rainha de alguns amores
Hoje velhinha pensa na prol
Olha pró sol, aqui estou eu
Vivi a vida que Deus me deu
Posso morrer vou descansada
Perdi os passos naquela estrada
Ganhei o chão onde vou morar
Com o meu filho vou descansar
Olha pró sol, ultimo adeus
Á terra virgem, barro gasto
Já não há trigo, já não há pasto
Ai Alentejo dos olhos meus.
Antónia Ruivo
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