No pincel da doçura
pela tinta que espreme
se enreda uma bela tela
Nos guaches coloridos
ou nos óleos da perfeição
se saboreia a roupagem
No pastel incorporado
ou na china que é tinta
se envolvem os condimentos
Nas colagens mais propícias
e nos cortes que as rodeiam
se enfeitam as virtudes
Nas aguarelas espontâneas
e no contexto do papel
se deliciam os resultados
Nos horizontes perdidos
nos vales rios e montes
se envolve a inspiração
Há sempre um olhar diferente
um postal que sempre inspira
um novo pensamento da mente
um motivo onde se suspira
Há sempre um sentir profundo
um quadro de todo o desejo
um mártir assaz moribundo
uma imagem de sensual beijo
Há sempre o retrato da guerra
o covil da mais rude miséria
o abraço que envolve a terra
o delinear de tanta matéria
Há sempre tanta informação
o retrato para todo o sempre
o rigor ou ténue imaginação
o dar à luz de qualquer ventre
Há a pintura perfeita
a tela que é desfeita
o trabalho que se rejeita
e tanta mente tão estreita
Mas na tela que perdura
fica o registo que corta
de uma batalha tão dura
ou de uma natureza morta
Poeta eu escrevo palavras
neste ou naquele contexto
e tu que pintas tu lavras
em cada tela o maior texto
E quando em jeito comum
sílaba e pincelada são sintonia
elevam sua força a dois em um
se concretiza a mais-valia
António MR Martins
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