Joaquim Pessoa, imagem da net.
[A vida está assim]
A vida
está assim: por telha aberta
chove o
sangue em cima do calçado
fazendo
o coração ficar alerta
não vá
o mar chegar ao empedrado.
Adormecer
num banco de jardim.
Sonhar coisas
fugazes e ternas
deixando
que alguns ratos de cetim
me
subam às varizes pelas pernas.
O tempo
(esse animal) sofre de anginas
e já
não há sequer zaragatoas,
overdoses,
sprays, penicilinas
que
troquem coisas más por coisas boas
tal
como não se inventam as vacinas
contra
o sorrateirismo das pessoas.
Joaquim Pessoa, in “Sonetos
Preversos”, página 59, edições Litexa Portugal, 1984.
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