sábado, 15 de novembro de 2014

Vítor Cintra





MÉRTOLA

Em tempos, já lendários, do passado,
Surgiste como altar de sacrifícios
Aos deuses, quando os homens, ao teu lado,
Faziam muitas trocas co’ os Fenícios.

Mais tarde, quando já romanizado,
Teu castro – pode ver-se p’los indícios –
Tornou-se num enorme povoado,
Cidade de riqueza, luxo, vícios.

Após ser p’los Suevos conquistado,
Teu povo, que acabou cristianizado,
Deixou toda a boémia e desperdícios.

Seguiu-se o visigodo, derrotado
P’lo mouro, que ao tornar-te califado,
Te trouxe, não a paz, mas benefícios.

Vítor Cintra, in “No crepúsculo das ameias”, página 51, edições Lua de Marfim, Outubro de 2014.

1 comentário:

Manuel Veiga disse...

excelente soneto - em chave de oiro.

abraço