Em meus olhos horizontes de mar
Cujos limites não encontro
Nas ondas do meu divagar
Busco sinais do meu paradoxo
Rumo ao mar alto da minha fantasia
Na barca de sonhos que me serve de nau
Enfuno as velas, viro popa á paralisia
Proa ao norte, faço-me ao largo
Reviro formas na nau catrineta
Afogo as duvidas, as tristezas
Marinheiro sem jeito para treta
Gume entre os dentes, afago o real
Que aos olhos de outrem
Será loucura, paranóia alucinação (?)
Assomos da onda que vai e que vem
Rusgas do ser que procuro
Nos salpicos que me batem no rosto
Prelúdios de realidade que me assaltam
Sou almirante, comandante no meu posto
A bússola são meus olhos no firmamento
Longínquo mas que sei estar lá
Dou ordens ao homem do leme
Que me fixe e encontre o destino lá
Onde a proa cavalga as ondas
A cada uma que me bate no casco
Temo pela minha fragilidade
Com medo que a ultima seja o carrasco
Da minha nau onde embarco
Vai ao largo a barca da fantasia
Vai ao largo meu ser, amado e odiado
Tantas vezes, no rumo que ninguém desvia
Áh barca minha, barca da minha vida
José Alberto Valente "Jaber"