terça-feira, 24 de julho de 2018

morte repartida


Imagem da net.




a morte morreu, numa tarde
soalheira, de morte anunciada.


tal aconteceu quando
as cigarras cantavam em uníssono
o hino do desespero
e as meretrizes dançavam
escondidas
por entre os pinheiros da sobrevivência.

os seres voadores
permaneceram poisados
nos ramos da penitência
e os voos esfumaram-se
à mesma hora deste confrangedor epílogo.

todos subestimaram  
o divulgado anúncio
e as notícias ficaram arredias
de subterfúgios, sem
justificações coloridas.

a  morte morreu
de morte anunciada, em
plena tarde soalheira,
numa morte intensa
e totalmente repartida.

António MR Martins   

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Maria Antonieta Oliveira


Maria Antonieta Oliveira, imagem da net.




DANÇA DO VENTO

Corpos unidos no dançar do vento
Inebriados em desalento
Soltam gemidos num som misterioso
Lançam sorrisos em tom jocoso
Na madrugada do amanhecer sombrio
Deleitam-se nas águas tórridas do rio
Aqui e além gaivotas esvoaçam
Olhares se cruzam, corpos se abraçam.
No dançar do vento
Deixo livre o pensamento.

Maria Antonieta Oliveira, in “Sentires Poéticos”, página 9, edições vieira da silva, colecção STATUS QUO, Maio 2017.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Edgardo Xavier


Edgardo Xavier, foto de António Martins.





Nós

A nortada
assobia medos à porta da luxúria.

É tua a minha boca
e meu o sexo pronto,
o âmago tonto,
a liberdade sonhada.

Sente, amor,
o mar, a onda, a enxurrada
e segue até ao fim de mim,
até ao nada desta plenitude.

Edgardo Xavier, in “Palavra de Cardo”, página 31, edições Modocromia, Junho, 2018.