sexta-feira, 26 de junho de 2015

Teresa Teixeira





VINDIMA

Vinhas…
e as uvas tensas do mosto
quente,
maduras ao toque intenso
nosso,
e o vinho que escorria
doce,
sagrava de mel a cama
rubra
dos lençóis que desfolhavas
na apanha…

Teresa Teixeira, in “Da serena idade das coisas”, página 29, edições Temas Originais, 2012.

A escola da saudade


Foto da Escola do Ensino Básico da Praça das Novas Nações
(antiga Praça do Ultramar), em Lisboa, onde tirei a  antiga Instrução Primária.
Também o meu filho andou nesta escola.  Foto de António Martins


Já não é o suporte de outrora
a escola vivida neste presente,
recordação que jamais se demora
na memória do mais inteligente.

Hoje tentam agredir professores
nos conceitos invulgares de lições,
tantos se revelam futuros doutores
entre pares e ímpares numerações.

A matemática feita doutro teor
com muitas pontas dispersas por favor
e já não se pode cantar tabuada.

Pela escrita tanto se altera
neste acordo, uma outra quimera…
e para os erros já não há reguada.

António MR Martins

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Edite Pinheiro




VOA

Não te aquietes nesse teu viver,
encontra-te no teu profundo ser.
Os bagos que te saciaram
ao esquecimento de ti arrastaram.

Tu, és a arte que nas veias loa,
és música que no tempo soa.
Tu, és a rainha das aves, voa!

Cumpre a tua fiel natureza,
assume a tua precisa grandeza.
Liberta-te nesse imenso mar,
adeja e vive o teu sonho ao luar.

Sai do permissivo labirinto de véus
- voa! Eleva-te no azul dos céus.

 
Edite Pinheiro, in “do ousar ao caos do medo”, página 242, edição de autor, 2014. 

Mãos que esperam



Imagem da net, em: www.igrejabatistanet.com.br



Havia duas certas mãos esperando
o tempo aguardado da chegada,
nessa espera iam compensando
o anseio de uma certeza parada.

Sabiam que o tempo lesto passava
e por tudo, e tanto mais, ansiavam…
nos interlúdios o gesto se moldava
pelo modo em que te acariciavam.

Temiam ter de retalhar os segundos,
os minutos e os pedaços profundos
que atrapalhavam tanta ansiedade.

Seus trejeitos os dedos gesticulavam
e as palmas os teus jeitos decoravam
na simples espera da felicidade!...

 
António MR Martins
 
 

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Rogério Martins Simões (Romasi)





Sonho de um velho novo

Todos os povos querem a paz.
Todo o ser anseia ser feliz.
Poeta sonhador, ainda rapaz,
Trazia na lapela a flor-de-lis.

Que marcas tingiram a tua flor?
Que mudou, em ti, velho poeta?
Amar por amar não é amor!
Correr por correr não se atinge a meta!

Pois se dar é não olhar a quem,
Agindo bem, e não se conforma.
Tentar por tentar não se faz bem:
Só quem dá, em vida, se transforma!

Tentei,
Tornei a sonhar
E, por certo, voltarei
Para, e novo, voltar a errar!

20-07-2005

Rogério Martins Simões (Romasi), in “Golpe de Asa no Sequeiro”, página 124, edições Chiado Editora, Maio, 2014.

Lisboa sempre viva


Imagem na net, em: www.digitalblue.blogs.sapo.pt


Vivem em ti, séculos de História
espalhados pelas sete colinas,
versos infinitos de tanta memória
cantados ao vivo, nas tuas esquinas.

O Tejo, com ternura te aconchega
perante atento olhar do Cristo-Rei,
onde cada barco parte e chega
entre tantas histórias que não contei.

Em Junho os festejos populares
assumem uma relevante condição,
desde o fado, a sardinha e o pão.

Emergem as lembranças seculares
alegria na rua, a fé em procissão…
dos manjericos aos santos devoção.

 
António MR Martins

sábado, 13 de junho de 2015

16.ª Edição de "Conversas com sabor a canela", na Biblioteca Municipal Afonso Duarte, em Montemor-o-Velho, em 10 de Junho de 2015.

 

“CONVERSAS COM SABOR A CANELA”, de 10 de Junho de 2015, em Montemor-o-Velho
 

PROGRAMA:

 

No dia 10 de Junho – Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas – haverá uma edição especial da rubrica “Conversas com sabor a canela”.

Os convidados serão os escritores Manuela Gonzaga, Pedro Jardim, Olinda Beja, Orlando Piedade, o artista plástico Roberto Chichorro e Eunice Rocha pelo Teatro Ibisco. Contará, ainda, com o saxofonista Daniel Mendes e com o Teatro Ibisco – Teatro Inter Bairros para a Inclusão Social e a Cultura do Otimismo de Loures.


Com uma programação diferente, esta edição das “Conversas com sabor a canela”, que decorrerá integralmente na Biblioteca Municipal Afonso Duarte, terá início pelas 11h30 com a inauguração da exposição de poesia e artesanato “Raízes” com a presença dos poetas Rui Figueiredo, Rita Capucho, António Pratas, Ana Cristina Luz, António MR Martins, Rosa Maria Ribeiro, Francisco Lucas, Teresa Duarte Reis, Luís Castro e Natércia Simões e dos artesãos Abel Cardoso, Zulmira Ferreira Rasteiro, Atelier Linda, Bráulio Figo, Joaquim Ferreira Filipe, Lacam, Graça Silva, Mário de Sousa Mano, António Falcão e João Pereira e contará com a intervenção musical do saxofonista Daniel Mendes. De seguida, decorrerá no jardim da biblioteca um Piquenique à Baixo Mondego (almoço-buffet), com algumas das iguarias mais características da região. No início da tarde haverá a actuação do Teatro Ibisco, seguida de uma conversa com os escritores e artistas convidados e culminará com um lanche-convívio com sessão de autógrafos.

 
Programa:

11h30 – Inauguração da exposição de poesia e artesanato “Raízes” com a intervenção musical do saxofonista Daniel Mendes;

13h00 – Piquenique à Baixo Mondego;

15h30 – Actuação do Teatro Ibisco com a peça “Mukur Mukur”;

16h30 – À conversa com os escritores Manuela Gonzaga, Pedro Jardim, Olinda Beja e Orlando Piedade, com o artista plástico Roberto Chichorro e Eunice Rocha do Teatro Ibisco;

18h45 – Lanche-convívio com sessão de autógrafos.

Biblioteca Municipal Afonso Duarte.
 
O meu poema e o trabalho artístico que o ilustrou.
 
Eu e o artista plástico que criou a obra que visualizamos.
 
Lendo o meu poema.
 
Um aspecto da plateia.
 
Um momento musical.
 
Outro momento musical.
 
Os convidados.
 
Convidados e alguns dos poetas e artesãos que participaram na exposição
"Raízes".
 
Muitos dos participantes neste evento, faltando muitos outros que tiveram
de se ausentar um pouco mais cedo.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Luís Filipe Marcão





14

Ainda há pouco
o meu vizinho
se pendurou
numa corda
de desespero
e se suicidou.

Pensa ele
que morreu.
Mas pelo contrário
ficou mais vivo!
Agora todos
falam do caso.
Uma aranha má
teceu-lhe aquelas ideias
por dentro da cabeça,
e ele lançou-se da trave
do fumeiro
como se fosse
vulgar salpicão,
bandeira arreada
contra as agruras
desta vida.
Ficou assim rígido,
olhos de fumo,
tão inteiro
a protestar
contra o futuro,
pendurado
na trave do fumeiro.
Que a outra…
a trave dos dias
onde existiu,
carunchou de tristeza
com letras por pagar,
e ele já não sabia
(ou então esqueceu)
com que palavras
poderia enfeitar
o poema da vida.

Luís Filipe Marcão, in “No Remanso das Palavras Inquietas”, páginas 25, 26 e 27, edições Europress, colecção: Subterrâneos/Espontâneos, 2015. 

O congresso das banalidades


Imagem da net, em: www.bandacusm.wordpress.com



Pela sala o linguajar cativava
expresso em termos-flores de canteiros,
apelo surpresa para quem ousava
ser ressarcido dos seus gastos dinheiros.

Discursos flamejantes por lá ecoavam
opinativos da celeuma rebuscada.
Um a um os inscritos discursavam
sobre a palavra já encomendada.

Falou-se tanto, a torto e a direito,
de pensamentos ditos de qualquer jeito,
sempre alheios à verdade e à razão.

Uns são os maiores, outros são otários,
sem a consonância dos partidários
que desferem prosápias da sujeição.

António MR Martins

terça-feira, 2 de junho de 2015

Em breve teremos "De Soslaio" por aqui... e por aí!...

AGRADECENDO, UMA VEZ MAIS, A TODOS QUANTOS APOIARAM A CAMPANHA DESTE PROJECTO, NA PPL crowdfunding, aproveito para informar que o livro seguiu hoje para a gráfica.
Daqui a alguns dias temo-lo por aqui... e por aí!...
 
O lançamento já está agendado para Lisboa, daqui a algum tempo... aguardo a chegada de alguém, vindo do oriente, que me é muito chegado, que irá ficar na mesa de honra no dia dessa sessão.
 
Oportunamente direi para quê?!... Só adianto que não estará só nessa incumbência.
 
Projecto agora: momentos únicos, histórias de vida, recordações, memórias, coincidências ou não?!... Recordando o passado em prol do futuro, que todos os dias vai acontecendo!... Retornando à rua onde nasci há 59 anos e alguns meses.
 
Brevemente darei notícias nesse sentido.
 
Meu abraço a todos vós.
 
António MR Martins
 
 

 

Fernando Melro





21. águas futuras

A palavra em que me vejo
embarcado e livre
tem no seu ventre as viagens
que me beberam os dias
e as noites me devoraram.

Neste navio de sílabas
o som de ventos antigos
traz as memórias distantes
com maresias de sonho.

Da palavra alcanço as margens
das ilhas imaginadas
e encontro a gente nativa
das terras de além do medo.

Na palavra crio vénus
e as ninfas do meu desejo
navego as águas que invento
rasgo a bruma do silêncio.

Fernando Melro (1930-2014), in “ Memória das Águas” (Ciclo das Águas Refluentes), página 46, edição de autor, Lisboa 2003. 

2.ª Edição de "Xícara de Poesias", na Casa dos Pescadores, Costa de Lavos, 31 de Maio de 2015

 
Ocorreu no passado domingo, dia 31, na Casa dos Pescadores, na Costa de Lavos, a 2.ª Edição da "Xícara de Poesias". Uma sessão que decorreu pela tarde fora com chá, a acompanhar, e a degustação de variados doces regionais. As palavras e a poesia, em particular, também estiveram presentes, com a poetisa local, Rosa Maria, e os poetas convidados, António MR Martins, Lurdes Breda, Madalena Oliveira e Rui Figueiredo (Diogo Xavier, também convidado, não pôde comparecer). Este evento também teve a agradabilíssima presença  dos jovens alunos de uma escola local que, formados em dois grupos, disseram dois poemas de Lurdes Breda. Por entre as diversas participações foram exibidos diversos vídeos, ora de poesia, ora musicais ou então sobre dados locais de interesse cultural e social. Foi uma excelente tarde, passada entre amigos onde fomos recebidos por gente boa e muito simpática.
 
O meu particular agradecimento por tudo!...
 
António MR Martins
 
A Casa dos Pescadores, onde se realizou o evento.
 
Um grupo de crianças, jovens alunos de uma escola local, dizem
um poema de Lurdes Breda.
 
António MR Martins lê um dos seus dois
poemas apresentados.
 
Os poetas convidados.
 
Da esquerda para a direita: António MR Martins, Lurdes Breda,
Madalena Oliveira e Rui Figueiredo.