quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Cidade desamparada


Imagem da net.




Caem as rimas falhadas
nas ruas do sem fim
e nos becos perdidos sem luz.

Os recantos escondidos
esbanjam o silêncio das noites
e os números de todas as portas
turvam-se nas madrugadas
do degredo.

A cidade fria esvazia-se
e só
fica totalmente desamparada.

Vão gemendo os carros do lixo,
mas não conseguem amparar o declínio
apesar de aturdirem toda a intimidade
onde se sagra a nudez explícita
e a envolvência de todos os corpos
ou, então, o simples bafejar sonolento
de todos os outros anseios.

A solidez empertiga-se
e o desamparo torna-se conveniente
a todas as conjecturas
mais desesperadas.

Ao dealbar surgem
outros conceitos
outras virtudes
e a esperança volta a renascer.

António MR Martins

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