sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

caminho a prosseguir



Imagem da net, em: O nosso rasto.



te enlevo
no pensamento penetrante
das minhas íntimas vozes

e das origens bacocas
desprotegidas

te incendeio
nas chamas
do aconchego relevante

com os apetrechos
que invento pelas madrugadas

te exalto
na subtileza do ser
e na desmedida fonte
da riqueza de todas as águas

a tua permanência
me apara o desânimo
e me ilumina
o doce caminho
que devo prosseguir
nesta centelha da vida

 
António MR Martins

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Gregorio Duvivier






não para não para não para não

a palavra para que antes fazia pessoas
pararem agora já não tem acento igual
à palavra para que indica que as pessoas
estão indo para algum lugar geralmente
sem parar isso é um sinal dos tempos
o que antes parava agora não para não

 
Gregorio Duvivier, in “ligue os pontos (poemas de amor e big bang)”, página 75, edições Companhia das Letras, 2013 (São Paulo – Brasil).

Paradoxos


Imagem da net, em: paradoxosdoedu.blogspot.PT



Amarrotada
a folha mensageira
onde a novidade
se expõe,
sem amarras.

A janela aberta
serviu de arremesso
num indelicado,
e defeituoso, jeito
do ser.

Perdem-se, assim,
as palavras nunca lidas
e o vento
desembrulha a liquidez
de todos os parágrafos.

Um subtil arrepio
intimista
prevalece
e tudo segue em frente,
de um outro modo.

 
António MR Martins

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

João Carlos Esteves






REFLEXO IMPERFEITO

viste nos meus olhos o mistério dos silêncios
mas neles não vislumbraste o oceano adormecido
nem os rios que o beijam em devoção

não percebeste o cintilar da minha noite
nem a vontade que desponta na alvorada
apenas viste as nuvens que percorrem os meus dias
e que projectam sombras
nos sorrisos que se soltam

olhaste-me
sem veres as ilhas que abraçam o meu mar
nem as falésias que lhe acalmam o furor

guardaste em ti
um reflexo imperfeito

 
João Carlos Esteves, in “ Inventei-te as manhãs”, página 71, edições Chiado Editora, Julho, 2013.

Jeito de ser feliz




Imagem da net, em: www.mensagenscomamor.com



Dei por ti
na esquina da vida,
depois de tanta omissão contida.

Dei por ti
numa mensagem já lida,
oprimido num beco sem saída.

Dei por ti
pelos dias passivos,
no quintal dos versos cativos.

Dei por ti
pelos silêncios sofridos,
no encontro dos prantos esquecidos.

Senti-te
num abraço verdade,
ante o teu sorrir da felicidade.

Encontrei-te
semente do universo,
tema amor do meu único verso.

 
António MR Martins