domingo, 29 de março de 2009

Lançamento do livro "Não existes ou o breve manual prático de como esquecer um amor antigo"

Pois é.
Desta feita é a vez do Gonçalo Lobo Pinheiro (GLP, no Luso-Poemas), meu filho, lançar o seu primeiro livro de poesia, será no próximo sábado, dia 4 de Abril (dia em que comemorará o seu 30º aniversário), sob a chancela da editora "Temas Originais", no auditório sito no Campo Grande nº 56 (ao lado da Unimed), em Lisboa, pelas 19 horas. Vai ser um dia em cheio, pois pelas 16 horas um outro (consagrado) poeta, Vicente Ferreira Silva (VFS, no Luso-Poemas), fará o lançamento do seu terceiro livro "Interlúdios da Certeza", em Lisboa (pois já o fez no Porto, no passado dia 21 de Março), no mesmo local.
Assim poderão usufruir de um belo dia, repleto de boa poesia e em sã e agradável companhia.
Aguarda-se a presença de quem possa estar disponível para o efeito.
P.S. - Quem quiser poderá ficar para jantar (no restaurante instalado no edifício onde terão lugar os lançamentos dos livros), e continuar a partilhar destes belos momentos em bom convívio, e participar nos festejos referentes ao aniversário do Gonçalo. O jantar deverá rondar o preço unitário de € 12,00. Se pretender jantar deverá enviar a respectiva confirmação para os seguintes emails:


(Convite)

quinta-feira, 26 de março de 2009

Um Anjo sorriu

Neste local, paro,
no meio do nevoeiro prostrada,
condicionada
até ao limite visual .

Só alcanço água,
em frente parada.

Sinto na noite, o carpido,
não oiço, mais nenhum ruído.
Só passos e passos
rasgando a bruma, taciturnos
serenos e ligeiros seguindo...

Seguem para mim
sem norte nem destino,
de repente um clarão
puxa-me pela mão, absorve
a escuridão em forma
de arrastão.

Palavras rasgão o nevoeiro
chegando às estrelas
sem verem que a lua, as cria
sussurram no calor,
circundado em frio.

Num momento de amor,
um anjo sorriu,
só meu
que mais ninguém viu.

Cristina Pinheiro "Mim"

Natural de Lisboa

Não me encantam seus jardins,
seus bairros, igrejas e escolas;
nem seu empenho e afins...
sem ter de recorrer a esmolas.

Não enalteço suas grandezas,
nem da pobreza faço reparo;
nem qualifico as certezas...
subtileza de um bem raro.

Não quero menosprezar ninguém,
nem defraudar certas opiniões
que nos indicam incerteza...

Porque tua origem é também,
em quaisquer das situações,
a cidade capital portuguesa!

quarta-feira, 25 de março de 2009

[falo-vos da casa entre árvores]

falo-vos da casa entre árvores
onde assisti à invenção
do riso

da voz no braseiro
crepitando as sílabas
de uma memória em construção

somente o que caminha para a morte
sabe o que as ruínas
segredam

Xavier Zarco

Aprazada reconciliação

Ainda me recolhem na mente
aqueles pontificantes momentos,
que nos fizeram sentir gente
sem rancores e sem lamentos!...

Foram apaziguadoras situações
que fortaleceram empatias...
apagando as velhas questões
onde terão faltado sintonias.

Pacificou-se o entendimento
desde o último contratempo,
sem qualquer razão de ser...

Síntese proveitosa a rever,
nas próximas conjunturas,
esquecendo todas as amarguras!...

terça-feira, 24 de março de 2009

As nossas crianças










* Bebé de 9 meses morre por asfixia, esquecido pelo pai, dentro do carro
* Criança de 10 anos violada repetidamente pelo padrasto com a conivência da mãe
* Criança de 9 anos aborta de gémeos, depois de repetidas violações pelo padrasto. A irmã, de 14 anos, deficiente mental, sofria dos mesmos abusos.
Estas foram, nos últimos dias, algumas das notícias que ocuparam os jornais. Vou juntar mais umas, algumas do meu conhecimento pessoal, outras das notícias que vieram a lume nos últimos tempos.
- Criança de 4 anos atirada da ponte de Sidney, Austrália, pelo pai
- Pais drogam criança com Atarax ou Actifed para poderem sair à noite enquanto o filho dormia em casa
- Bebé de poucos dias de idade salva pela polícia, depois de ter sido deixada dentro do carro pela mãe que foi ao centro de saúde
- Pai esquece-se de filho de 5 anos, sozinho em casa, e só se lembra dele quando o Jardim de Infância lhe telefona a perguntar pela criança
- Bebé de 17 meses morre vítima de maus tratos por parte da mãe e do padrasto
Quantos mais exemplos se poderiam aqui dar, de situações em que seres ditos humanos maltrataram, violaram ou mataram outros seres que deles dependiam? Que futuro estará reservado para o ser humano, enquanto espécie, se, cada vez mais, os descendentes são tratados desta maneira inqualificável e inacreditável.
Que futuro?
Dizem, os cientistas, que o ser humano é um ser racional. E que os animais são irracionais. Que racionalidade existe neste tratamento que é dado às crianças?
Os animais, os tais que são irracionais, não o fazem. Então, afinal, quem é racional?
Por nove meses carreguei cada um dos meus filhos, protegendo-os para que se pudessem formar em segurança. A minha responsabilidade enquanto mãe não terminou no dia em que nasceram. Antes pelo contrário. A responsabilidade dos progenitores de protegerem os seus filhos é uma realidade desde o dia em que são concebidos, até ao dia em que falecemos. Protegê-los com amor, com dedicação e com atenção. Amá-los de forma incondicional como eles nos amam. Por mais que me esforce, por mais que tente, não consigo entender como é que, quem devia proteger as crianças, não o faz e põe em risco, deliberadamente, a sua integridade física e psíquica.
Serei a única a não entender e a não aceitar?
Magda Pais "Pedra Filosofal"

Assassinato da fome



Certeiro no seu disparo...

atingido o centro do alvo;

sem definir um reparo

se colocou, ávido, a salvo.

Sugeriu a sua presa...

para consumar a desfeita;

liquidou com subtileza,

de uma forma perfeita.

Urge colocar-se a milhas,

para perseguido não ser;

foi no cacilheiro a Cacilhas

para o almoço comer!...

foto, em cima, de Luís Rodrigues (Kristo) - Cacilhas (manhã)

quarta-feira, 18 de março de 2009

Site Oficial

Acabo de criar, com a ajuda do meu filho, o meu site oficial. Mais um local onde me podem encontrar com novidades acerca da minha poesia.

Apareçam!


Obrigado!

terça-feira, 17 de março de 2009

Lançamento do livro "Ser Poeta" de António MR Martins



Aconteceu no passado dia 14 de Março, no Campo Grande, nº 56, em Lisboa.
Numa sala repleta de familiares, amigos e conhecidos, António MR Martins, apresentou com a chancela da Temas Originais, o seu primeiro livro de poesia intitulado "Ser Poeta".
Um livro que reúne 52 poemas e nos dá a conhecer a poesia de António MR Martins, novo nestas andanças das edições de livros, mas já velhote no que concerne à escrita de poesia, que faz com regularidade desde os anos 70, tendo no meio disto tudo, arrecadado em 1993 o 1º lugar do Prémio de Poesia da Feira do Livro da Amadora.
As fotos, em seguida, mostram um pouco do que se passou naquele dia.


















Fotos de Gonçalo Lobo Pinheiro

Mulher

Tão leve como uma pena
passa um tempo sem destino
tão leve… na pura cena
nasce ao som do sino
a Mulher…

Tão leve,
nasce cada dia por preencher
e na essência de como se deve
ouso olhar para a mulher
que no silêncio caminha
dá,
entrega-se ao momento
e numa voz ausente
nada teme
quando leva o barco
pelo leme
ao seu porto seguro.

Tão leve nesse corpo angelical
moram os fragmentos
dos caminhos cortados
das insónias da vida
dos incómodos das palavras…

Tão leve…
Nasce cada sorriso matinal
que se perpétua
se mostra
e se diz feliz
no rosto de Mulher.

Paulo Afonso Ramos

segunda-feira, 16 de março de 2009

Nem com todo o dinheiro do mundo

Pedem-se alvíssaras...
pela entrega dos criminosos,
seres mesquinhos, asquerosos,
sombrios e impetuosos,
mesmo muito numerosos.

Dão-se alvíssaras...
por colecção de muitos desses seres.
Estão prontos para os prazeres
e para outros afazeres...
ou para aquilo que apeteceres.

Não dou nem quero dinheiro...
não os quero por preconceito,
não estou nada satisfeito.

Levem-nos daqui!...
porque não vão embora?
Não gostei nada do que vi...
saiam já daqui para fora!...

Se não quiserem, permaneçam,
desde esta curta hora.
Fiquem pela vida fora,
mas por favor não me enlouqueçam!...

domingo, 15 de março de 2009

Melhor o Silêncio

Não pretendo saber segredos,
Ungir as chagas dos feridos,
Nem perder-me nos sentidos
Dos insanos beijos-torpedos,
E d'amores malsucedidos...

Silencie seus versos vinhedos,
De poemas d'alma despidos,
Com tintos tons deprimidos,
E seus paladares azedos,
Que só estimulam as libidos!

Quero silêncios e degredos,
Solidões dos fracos gemidos,
Quero os abraços reprimidos,
Cravados de gelos e medos,
No meu peito enfim diluídos...

Betha M. Costa

O Cavalo Lusitano

Registo elegante
no seu saltar,
sua montada
estonteante,
bem dotada
a improvisar.
A sua origem
vem de Portugal,
outro não há,
assim, igual...
utilizado para
o trabalho,
para o desporto
e Alta Escola...
nas lezírias
do Ribatejo
e nos montes e planícies
do Alentejo.
Rigoroso na
aprendizagem...
pelos campinos
cavalo amado,
já os Romanos
o tinham pelo melhor...
na sela estava provado!
Todos o querem
nas cudelarias,
Alter do Chão
sua razão!...
Na elegância
é um primor,
para o hipismo
é espectacular,
mas no toureio
ele é exímio...
seu rodopiar
é de encantar,
apresenta-se na cara do touro,
sem medo, sem receio,
dando ao cavaleiro
saboroso louro.
Como é belo
seu soberbo porte,
elevativa
sua pujança,
tanto a galope
como a trote...
na cavalgada
com substância.
Como são esbeltos
estes cavalos,
preferidos pela
instância,
no decurso
de milhares de anos...
são Lusos...são Lusitanos!

foto em cima, à direita, de Gonçalo Lobo Pinheiro

quarta-feira, 11 de março de 2009

Simbiose

És Boca e eu Sorriso
És Brisa e eu sou Ar
És o Tudo que eu preciso
Nesta História de Encantar
És lenha e eu sou lume
És Fogo e eu sou Frágua
És Montanha e eu o Cume
És a Sede e eu sou a Água
És Areal e eu Maresia
És Onda e eu sou Mar
És Júbilo e eu Alegria
Nesta História de Encantar
És Deserto e eu Oásis
És Beleza e eu Flor
És a Folha e eu o Lápis
Que escreve este doce Amor
És Sentimento e eu Sentidos
Sou a História e tu o Tempo
Destes tantos instantes vividos
Que me invadem Coração adentro!!!!
Eu e Tu somos assim
Somos Loucura e Cumplicidade
Somos Simbiose sem fim
De Amor, Ternura e Verdade
Sandra Nóbrega "Fly"

Janela de luz

Permanecias
por entre a luz,
dimensionando
a luminosidade,
que se reflectia
através
daquela velha
janela.

Lembranças
de um passado
remoto
na quantificação
da minha
existência
terrena.

Momentos
de contornada
ternura
pela leitura
da poesia
mais bela.

Saudades
de outras horas
sumidas,
pelo declinar
da vida,
por pena...

segunda-feira, 9 de março de 2009

Faço vinho das tuas lágrimas

Falo uma língua tão antiga
Que trago as mãos em calos
Nascem letras para uma cantiga
Nos enxertos dos teus bardos
Amo-te mulher em todas as prosas
Sou o maior dos perversos
Não despedaço corações, nem faço mossas
mas nascem-me espinhos nos versos
Tua alma espreita-me na poda
É mosto a fermentar os segredos
vício de vinho que não sai de moda
Por isso esmago com os pés os medos
Por isso sou farinha nesta roda
E o pão cresce no teu corpo de vinhedos
José Ilídio Torres

Naquela praia

Descansaram
nossos corpos,
debilitados,
pelo caminhar
extasiante
e continuo
no imenso
areal...

Descansaram
nossos seres,
numa duna
daquela praia,
exaustos
por a percorrer
ao sol quente
que em nós
se instala...

Descansaram
nossos físicos,
desta vez
constrangidos,
naquele espaço
amplo e terno,
eleito
para a poesia
ideal...

Descansaram
nossos portes,
depois de
muitas lacunas,
num fugir...
a sofrer
e na saudade
que nos
abala...

foto em cima, à direita, de Paulo A. Lopes

domingo, 8 de março de 2009

O Sonho (de "Amores")

Levas-me a mão
e, contigo, sou inteira.
Flutua a sensação
de que o reflexo
dos meus olhos
nos teus olhos
vale mais que uma vida.
Canto-te e pinto-te…
E, enquanto sonho,
adio a despedida.
Diana Correia

Simplesmente Mulher

Mulher
que tanto queria...
não fosses escrava
do tempo,
não agisses
por sequência,
não lutasses
por contratempo,
não fosses sujeito
por eminência!...
Mulher
que tanto queria...
pudesses sê-lo
a preceito,
pudesses ignorar
um defeito,
pudesses ultrapassar
o conceito e
proceder sempre
do teu jeito!...
Mulher
que enalteço
nestas singelas
palavras,
a quem humildemente
peço,
pela tua vivência
que agravas,
não pensando
sequer em ti,
de quem às vezes
esqueço
e por quem
nunca morri...
jamais de ti
me despeço!...
Mulher
mais belo jardim
do mundo,
suporte da
natureza,
ser sem ter
um rival...
celebras
por desengano
este dia
sem a certeza
de um dia te verem
por igual!..
À minha mulher, à dos outros e a todas as outras...
Ninguém é de ninguém, ou seja... Alguém a ninguém pertence.
Dia Internacional da Mulher
(Que não deveria existir... para bem da própria mulher!)
Domingo, 8 de Março de 2009

sábado, 7 de março de 2009

Momentos

Estou aqui,
mas por momentos,
saio, voo,
procuro novos caminhos,
novas mentes,
novas ideias.
Paro
e contemplo o horizonte,
parece-me infinito!
Não vejo ninguém,
mas sinto alguém!
É o amor
que não me deixa
e partilho-o:
com quem encontro;
uns sorriem,
outros perturbam-se!
Reflexos:
dum mundo distraído,
egoísta,
de costas voltadas,
com poucos guerreiros,
na luta dum mundo melhor!
São momentos,
para a minha esperança.
De tristeza,
mas com a certeza,
que sou um dos guerreiros …
José Manuel Brazão

Eliminado

Castram-me
os desígnios da mente!

Atam-me
os membros e sou gente!

Ofuscam-me
o pensar permanente!

Logram-me
o evoluír influente!

Sugam-me
o sangue das veias!

Exploram-me
pelo fogo que ateias!

Devoram-me
como se fossem alcateias!

Prendem-me
no emaranhado das teias!

Tapam-me
os olhos, não vejo!

Negam-me
um último desejo!

Findam-me
como não prevejo!

Matam-me
e eu não antevejo!...

sexta-feira, 6 de março de 2009

Lábios, flor de Maio


Chegas-te a mim, teu corpo de corça
Delineado pelas mãos que te percorrem,
Minhas, ávidas e perscrutantes,
Sedentas que ansioso te escorrem
Nos teus lábios flor de Maio
Saboreio a primavera em flor
Arrebato-te, penetras-me a alma
Entrego-me a ti nesse ardor
O beijo surge vindo do nada
Num roçagar de lábios e afectos
Línguas procuram-se em suave alento
Flores desabrocham em caules rectos
Sentes-me a germinar ao teu toque
Sinto teu corpo tomado ao meu, encostado
Tua pele que me inebria por baixo da camisa
Na sala tudo se aquietou, o tempo ficou parado
Só o teu sorriso gorjeia entretanto
Quando sentes que te quero…tanto.
José Alberto Valente "Jaber"

quinta-feira, 5 de março de 2009

Guerras

Corpos despojados
na terra,
resquício de
rude batalha.
Esquecida a primavera
no frio ocultar
humano...
entendimento
que falha
por consciente
desengano.
Cadáveres de
seres antes vivos,
que nada pediram
para sucumbir...
mas dos comandos
altivos
veio a ordem
que não rejeitaram.
Dos que orientam
a guerra,
dos que mandaram
partir...
de forma abrupta
e severa.
A morte de um
semelhante,
pela cor da
sua farda
é deveras
ultrajante...
conclusão
que tanto tarda!...

quarta-feira, 4 de março de 2009

Inquietações da alma


Inquietações da alma
Que não suporta o vazio
De um lugar frio...

Que não esquece
Que não quer esquecer
O que em tempos foi riso
Vida
Alegria

E que hoje...
...é apenas uma sombra
Que deambula nos escombros
De uma casa vazia
Tão fria...!

Por isso chora
E lambe o sal
Que lhe escorre da face
Em silêncio...

E prefere sentir
O frio lancinante
Do vazio
Que lhe trespassa o corpo
Com o gume
De uma espada
Afiada
Com que se vai alimentando...

Ao nada
Que a deixasse morrer
De fome
Por nada mais
... sentir!


Lurdes Dias "Cleo"

Lançamento do meu primeiro livro de poesia "Ser Poeta"

Era um sonho, desde há muito tempo, que agora perspectiva concretização.
E assim, faço o convite (a todos, sem excepção) para o lançamento do meu primeiro livro de poesia "Ser Poeta", que terá lugar no próximo dia 14 de Março, pelas 19 horas, no Campo Grande, 56 (ao lado da Unimed), em Lisboa.
A apresentação estará a carga do ilustre poeta Xavier Zarco (originário de Coimbra).
Agradeço, desde já, a quem queira (e possa) estar presente.

António MR Martins

terça-feira, 3 de março de 2009

Folhas caídas ao vento



E as folhas caídas
da árvore,
aquela que deu
fruto a seu tempo,
movimentam-se
embaladas pelo vento,
num percurso irregular
e sem sentido.
Outrora
outras folhas
vindas da mesma,
sujeitaram-se a
semelhante trajecto,
sem sentido e irregular,
e foram pisadas
pelo tempo.
Agora
neste lugar,
onde habita
aquela árvore,
despida das caídas
folhas,
aguardando nova
folhagem...
depois elas cairão
e,
ajudadas pelo vento,
percorrerão o espaço
envolvente
e encaminhar-se-ão
para poisos distantes,
num esvoaçar,
impelido pelo vento,
num sentido irregular!...

segunda-feira, 2 de março de 2009

Confissões de uma Vítima de Violência Doméstica

Sou um corpo que deambula ao acaso,
Que vive com medo todo o dia.
Amostra de ser mal amado
Sem conhecer felicidade e alegria.

Uma mulher constantemente criticada
Que chora apenas escondida,
Consciente que não vale nada,
E a imagem totalmente denegrida.

Escondo os hematomas como sei.
Habituei-me há muito a mentir...
Vivo uma vida como nunca pensei,
Com a maior parte do tempo a fingir.

Esta mão, assim queimada, e a doer,
É porque sou tão distraída...
Meti-a numa panela a ferver
E fiquei tão arrependida.

Tapo as nódoas negras com roupa
De Inverno, mesmo no Verão.
Apenas porque sou meia louca
Passo a vida a cair ao chão.

A boca, assim cortada,
Foi apenas porque sorri...
Não sei estar calada...
Apanhei porque mereci.

Quando parti o braço direito,
Foi porque me maquilhei nesse dia.
Mas afinal, foi bem feito,
Porque parecia uma vadia.

O meu corpo está tão cansado
Não aprendo a me comportar
Para viver bem com meu amado,
Que tudo faz por me amar.

Farta dos meus erros e maldade
Subo até ao vigésimo andar!
Salto, enfim, para a liberdade,
E já sou feliz... a voar!
Vera Sousa Silva

domingo, 1 de março de 2009

Acordo (Dueto António MR Martins/"Mim" Cristina)


Acordar

Durmo
num sono profundo, percorrendo o mundo
navegando em alto mar, viagem
de uma quimera que me espera, começo
de um nascer ao gritar, num mundo
de pessoas que se abraçam num beijo
procurando nos sonhos navegar…

Sonho
com o esplendor em verdes campos,
pequenas aves saltando em seu solo,
borboletas transportando colorido...
noites com as luzes dos pirilampos,
supremas fragâncias de outro pólo
e o puro aroma de um ar fluído!...

Durmo
num sono leve que me atormenta
do mal que nos rodeia descabidamente,
procuro sossegar o sofrer de tanta gente
que só procura o amanhecer sem vadiar,
nuvem que tapa o sol que chora por um sorrir
entorpecido de se cansar na procura de encontrar.

Sonho
com um amanhã mais forte e sadio
permitindo a todo o homem sonhar
na procura de profícua realidade...
o esquecer de um trauma vadio,
nas vidas que se conseguem amar
em promessas da sonhada felicidade!...

Acordar


Dueto: António MR Martins (Sonho) e “Mim” Cristina (Durmo)

Articular a utopia (Dueto com Vóny Ferreira)


Quando o circular
passa a quadrado...
é porque o compreender
passou para outro lado,
o absorver
tornou-se igualado
e o retratar
idolatrado!...

Quando o sonho
passa a decepção
é porque perfuramos os limites
transversais da alma,
como quem atravessa
a voragem dos temporais
Num reencontro de estrelas
No imenso céu da Poesia!

Quando o esférico
passa a quadrado...
é porque o mesmo
fica enfeitado,
concerteza
adulterado,
mas nunca
confiscado!...

Confiscado, nunca…
Porque a nossa vontade
passa o oráculo da gramática
que nos arde nos olhos crentes
em rios de fumo e chamas
E no renascimento
das palavras!

Quando a esfera
se transforma em cubo...
é porque a mente
se mostra versátil,
responde com
prontidão,
o "pc" não é mais
portátil
e todos passam
a dizer não!...

Porque é argúcia da mente
que nos reencontramos!
Entre cubos, quadrados,
e esferas…
Como grânulos transparentes
A perpetuar uma quimera!...


Poema elaborado em dueto por Vóny Ferreira (2º, 4º e 6º) e António MR Martins (1º, 3º e 5º).