terça-feira, 27 de julho de 2010

Apresentação do meu livro "Foz Sentida", no Porto - 31 de Julho de 2010

Vai ser no próximo dia 31 de Julho de 2010, pelas 16H00, que terá lugar a apresentação do meu novo livro, de poesia, "Foz Sentida", no Porto. Tal acontecerá no Ateneu Comercial do Porto, sito na Rua Passos Manuel, 44.

Obra e autor serão apresentados pelo poeta Xavier Zarco.

Venha conhecer este maravilhoso local e um pouco da minha poesia!

Venha interagir com a palavra!

Se puder apareça! Será, sempre, bem vindo!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

MARGINAL

O misantropismo tem vindo a tomar conta de mim.
De repente dou comigo aliviada por estar só.
Gosto de escrever, ir à praia, estar em casa.
Que ninguém me aborreça.
Quero ser o “não-eu” que me dá o pão
Gosto de ser mulher
Puta, talvez…
Marginal?
Vê se me entendes.
Então, excita-me amor
Ama-me,
usa-me,
abusa-me
Depois…
faz de conta que não nos conhecemos.

BB GR

Inesperado desespero

Essa raiz assaz maligna
Que te acompanha sem o quereres
Te perturba gradualmente

Sentido que não tem ser
Pela dor que já não dói
Mas se aprofunda sem rodeios

Nada de ti te tornou digna
Nem aqueles cruéis maldizeres
Que te contagiaram a mente

Por ora tudo pode valer
Na evidência que te mói
Desintegrando-te sem olhar a meios

Podem dizer que é estigma
Pela estrela a que recorreres
Ou pelo teu percurso simplesmente

Na vida não há só beleza
No caminho da virtude
Surge sempre a incerteza
Num desígnio mais rude
Resguardando a tristeza
Em referência à saúde


António MR Martins

domingo, 25 de julho de 2010

MANIFESTO PRÓ-CANETA

Nada substitui uma caneta.
Pode ser cara, barata, de ouro, latão ou prata
De carga, aparo e tinteiro
De uso, ou colecção
Elitista ou do “pobão”
Para ricos, ou sem dinheiro
Uma caneta, é sempre isso
E tudo o mais…
Imaginação, arte e compromisso.

Imperatriz da escrita
Elegante e com estilo
Conquista folhas de papel em branco
Alarga impérios de ideais
Que ninguém lê
Ou que é publicado
Em livros, revistas e jornais...
E quem sabe,
Em muito mais.

Um computador é uma imitação da caneta
Um sucedâneo vulgar
Que não tem a beleza no gesto…
do deslizar.
Isento do bailado
da mão no papel,
que ora escreve, ora o risca
por vezes rasgado
maltratado, amarrotado...
.

A caneta é intemporal
Independente de gigas caprichosos
Que ora obedecem, ora são manhosos.…
A caneta é simples
É papel, poesia, história,
imaginação incontida.
Paixão, revolta, tortura
Vida, dor e loucura
Companheira dedicada
Das recordação de quem escreve…
imagens com memória…
Concentração, sobrancelha arqueada
Em casa, na praia…para depois se ouvir
A leitura entusiasmada.
Tempestade, calmaria, obra concluida
Mais um filho que nasceu: partilho-o, mas é só meu.


Tudo isto para vos comunicar…
Quão extraordinário é receber uma caneta de presente
Faz-nos sentir maiores
Gente diferente.
Ninguém discorda,
Ninguém diverge.
A família une-se
É unânime
Há consenso
Aclamação
Por isso é imperdoável
Que haja alguém que diga...
Uma caneta?
Oh, não!

Ana Bebé Gralheiro

terça-feira, 20 de julho de 2010

Granja

Breves notas do Alentejo XX


Granja



Pilhagens te ocultaram memórias
Réstias de uma história bem tua
São contemporâneas tuas glórias
Representadas em ti por cada rua

De três vilas tua adega cooperativa
Vem dos teus campos saboroso mel
O teu artesanato é tua imagem viva
Fragor dum campo com vidas de fel

As chaminés mouriscas são o relevo
Da herança árabe que ali permaneceu
E que o rei conquistador desvaneceu

A Igreja de S. Brás torna-se o enlevo
Pois da Misericórdia se estabeleceu
Centro de convívio de quem padeceu


António MR Martins

segunda-feira, 19 de julho de 2010

LAMENTO SURDO

Já corri por becos sombrios
Um desejo
De me esconder
Para lá de um nome

E tu encontras-me
Nas tristes madrugadas
E choro
Por não te ver

O grito agudo dos ventos
Que se esconde
Para lá das marés
Está inactivo

E os meus olhos
Abrem-se num foco
Que se estende
Por entre as dunas esquecidas

Sou eu
Num lamento
Surdo


Dolores Marques

in livro "Subtilezas da Alma", edições Edium Editores

Sines

Breves notas do Alentejo XIX


Sines


Vasco da Gama de ti partiu
À descoberta dum Mundo
Tal como o mundo surgiu
No teu descobrir profundo

Testemunhaste sentenças
Das mais ousadas da história
Mas não deturpaste crenças
Da tua singela raiz piscatória

Jovem cidade em progresso
Depois de te darem um porto
Passo para o desenvolvimento

Nesse berço de amplo sucesso
Do ressuscitar jazendo morto
Em memórias do pensamento

António MR Martins

Sensações

Bebi a tua água e
Refresquei a minha alma.
Traduzi, neste rio,
A linguagem oculta do teu ser.
Criei histórias loucas por te sentir em mim
E abri o livro do meu sonho.

Perdido neste ar,
Preso no vento do teu sorriso.
A porta aberta do teu rosto, a todo o tempo,
Me deixa respirar.

Gonçalo Lobo Pinheiro

Porto Covo

Breves notas do Alentejo XVIII


Porto Covo


Cantada em muitos momentos
Por uma bela história de amor
Entre muitos ficam lamentos
De uma sentida paixão e dor

Eleva-se o seu parque natural
E os dois fortes que por ali há
Na Ilha do Pessegueiro frontal
E o outro em si do lado de cá

Tem praias das mais diversas
Viradas para o Atlântico azul
E muitos turistas que a visitam

À noite com suas luzes acesas
Num banco da sua praça a sul
Os visitantes sentados meditam


António MR Martins

domingo, 18 de julho de 2010

quase voo da gaivota


o olhar
num ramo alto
a asa pronta
a disparar
penas alvas
pelas sombras
linhas da quilha
quase no ar
abaixo o nada
a leste a noite
lençol pintado
em fina pele
coração solto
boca de estrelas
a esboçar
o nome dele

Conceição Roque Silveira

São Domingos (da Serra)

Breves notas do Alentejo XVII


São Domingos (da Serra)


Aldeia de um tempo todo
E do seu tempo preciso
Pela qual fui no engodo
De escrever breve juízo

Alguém dela me segredou
Da sua idade de criança
Na sua escola se educou
E lá colheu sua bonança

Tinha o regedor Antonino
Também duas professoras
E possuía um cemitério

Uma casa do povo e um hino
Um táxi e camioneta a horas
E um médico por mistério


António MR Martins

Homenageando o Alentejo, nos seus lugares mais pequenos (as aldeias), e a interacção de Maria Custódio Pereira

sábado, 17 de julho de 2010

o crítico foi prosaico-crú (continuação tRÊS)


o crítico é uma autêntica babel de linguajares; uma quase harpia, mestre nos contratos apalavrados. já o poeta é moinante; um incorrigível beberrão da palavra firme como um universo sem placas tectónicas. um autentico monocotiledóneo, nenhuma semente para além da palavra. bebe como quem entoa rimance ao som de melopeias, evitando ser espoliado até ao tutano.

(continua quando quANDO)

e também há a felga, claro que há.


antónio paiva

Evoramonte

Breves notas do Alentejo XVI


Evoramonte


Se agitam velhas oliveiras
Que te servem de manto
E com as suas maneiras
Te preservam o encanto

As muralhas do castelo
Te envolvem a bravura
Génese que de ti revelo
Orgulho de compostura

Palco imenso da história
No símbolo do Paço Ducal
Foi casa de Bragança real

A guerra passou à memória
Do absolutista e do liberal
Após uma convenção local


António MR Martins

VISÃO DE MAR

Entro no silêncio
espreito a espuma do mar

uma areia e um piano
saltam-me para o olhar

Entro mar adentro
para refrescar a visão

encontro uma alga
de um azul intenso e fatal

Regresso a terra em silêncio
de mãos vazias e molhadas

trazido ao colo por ti


Joaquim Alves

Badoca Park

Breves notas do Alentejo XV


Badoca Park


Encontrar animais de África
Em pleno litoral alentejano
É como descobrir uma táctica
Que nos leva ao desengano

Local por muitos procurado
E eu também já lá estive
Ali cada animal encontrado
É uma surpresa que contive

Íbis, avestruz, cabra e muflão
Tucano, babuíno, águia e gnu
Zebra, girafa, burro e canguru

Búfalo, cobo, impala e falcão
Iguana, watusi, lama e nandu
Pónei, cegonha, iaque e malabu


António MR Martins

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Em silêncio escuto o teu dormir

Em silêncio escuto o teu dormir
transporto-me em planos passados
embalo-te em cantigas
e palavras inaudíveis
enquanto o luar nos acompanha
e as estrelas anunciam
menino d oiro.

(e eu ali…
inventando motivos só para te olhar.)

Toco ao de leve teus cabelos,
não vás acordar dos teus sonhos
tão belos, tão ímpares…
não são precisas palavras,
o olhar é demasiado intenso
que magoa profundo.

De novo, mais uma vez
escuto o teu dormir
sinto o cheiro, o respirar
a ausência do teu corpo..
e embalo-me e abraço-me
numa almofada doce, fofa…

Aí… misturam-se lágrimas de saudade
(aquelas que não chorei
só para não as veres….)

Onde estás menino meu?
Ainda ontem te amamentei
e hoje…..
hoje…o quarto só tem as minhas lembranças!


Rosa Maria Anselmo

Barragem dos Minutos

Breves notas do Alentejo XIV


Barragem dos Minutos


A distância quase similar
Entre Montemor e Arraiolos
Num especial sítio a encantar
A água descansada nos solos

Tuas águas vão no sossego
Preenchido pela paisagem
Da qual não me desapego
Mesmo reforçada a aragem

Em dois mil e dois inaugurada
No vinte e quatro de Fevereiro
Pelo ministro da agricultura

É pelos minutos consumada
No verde e fresco ao soalheiro
Da sua corrente na planura


António MR Martins

Mulher Alentejana

Mulher Alentejana é madrigal
É aragem fresca, água que corre
É sentimento que nunca morre
Mulher Alentejana é farol
A sua luz faz inveja ao sol

É força agreste, terra barrenta
Fruta silvestre, amora preta
Veste-se de negro simples discreta
Esconde o choro num riso franco
Olha o campo é filho seu
Morreu na guerra, luto lhe deu
Raiva bravia, fundo barranco
Que lhe engoliu os sentires
Rugas na pele gasta p`lo sol
Já foi menina de frescas carnes
Foi rainha de alguns amores
Hoje velhinha pensa na prol

Olha pró sol, aqui estou eu
Vivi a vida que Deus me deu
Posso morrer vou descansada
Perdi os passos naquela estrada
Ganhei o chão onde vou morar
Com o meu filho vou descansar

Olha pró sol, ultimo adeus
Á terra virgem, barro gasto
Já não há trigo, já não há pasto
Ai Alentejo dos olhos meus.

Antónia Ruivo

Montemor-o-Novo

Breves Notas do Alentejo XIII


Montemor-o-Novo


Sei de um encontro combinado
Em meados de um ano passado
Onde um livro foi apresentado
Naquele castelo então sonhado

Foram cúmplices momentos
Nesta cidade bem harmoniosa
Alvo de grandes investimentos
Que a torna cada vez mais airosa

Imensas histórias se contam
Mesmo pela voz mais profana
Em mistérios que são dos tempos

Muitos viajantes em si encontram
Neste seio da capital da bifana
Um puro desvio aos contratempos


António MR Martins

quinta-feira, 15 de julho de 2010

rua de r.


devo dizer-te r. que todas as noites te vejo passar a rua, sempre pelo mesmo lado, alentas o passo ao chegar ao fundo. mãos fundas nos bolsos, cigarro no canto da boca, olhar passageiro. devo dizer-te r. que a rua é, toda ela, um pedaço estreito de asfalto com fachadas de casas quase mortas. a minha casa é a segunda, na primeira janela do lado esquerdo espero-te eu com as cortinas entre os dedos e o medo entre o coração. sempre soube que virás uma noite destas matar-me. devo dizer-te r., devo dizer-te, que espero uma morte feliz.

Margarete da Silva (Mar)

Arraiolos

Breves notas do Alentejo XII


Arraiolos


No culminar dos teus tapetes
Se interiorizam as emoções
Olhar com que te intrometes
Perante as tuas tradições

És vila bem acolhedora
Pelas gentes que te vestem
És terna e apaziguadora
Pelos animais que investem

Igreja Matriz o sentimento
Resguardado pelo castelo
E na Praça Lima e Brito

O pelourinho é monumento
Pelo artesanato a que apelo
E que por ti surge restrito


António MR Martins

quarta-feira, 14 de julho de 2010

eu quero aprender


eu quero aprender piano
acho lindíssimo o som,
também guitarra, violino, gaita-de-foles!
eu quero aprender a falar noutra linguagem
estímulo que prende a minha atenção completamente!

eu quero algo simplesmente
mas e fazer?
ah! isso também terei que aprender
não tão facilmente?

Santos Almeida

Gaspacho

Breves notas do Alentejo XI


Gaspacho


Pelo calor um refrescante manjar
Altamente vitamínico no conteúdo
Água fresca ou gelada para começar
Pão alentejano duro pouco graúdo

Tomates médios para aconchegar
Pimento verde e pepino igualmente
Orégãos secos e alho a combinar
Com azeite e vinagre subtilmente

Sal do grosso um pouco a temperar
Mexendo suavemente os condimentos
De forma a os poder bem misturar

Deixar marinar por breves momentos
Levar à mesa para refeição sem par
A mais fresca dos regionais alimentos


António MR Martins

foto da net

Alentejo Duro





Erectas as nuas espigas o meu horizonte alargam, entra a pontas naturalmente amarelas.
A Espiga, que o meu corpo abotoa á beleza horizontal, tão, potentemente ardente como um sol.
O Sol me beija. O Sol me deseja. Mudo. Apino por mim galopa, sem medo ou subtileza fácil, porque é quimera, e é sempre uma abertura interna que separa os dias das trevas.
Um. Vaivém constante, nos dias e nas noites, o que os dias, demonstram, e as noites ocultam.
Entra-me o dia. Entra em mim. Entra-me a noite. Entra-me o vento. Entra quente. Em mim, só quem eu gosto, é que. Entra!
Entra, e rebenta esta terra bruta, como um ventre de mulher, que se rasga para os filhos dele nascerem , rompe.se na rocha dura. Redonda pela força, que em mim rebenta a tua estaca viva, coberta de poros. Sobreiros. Sombreiros, num pensar maduro, onde se cresta o desejo da colmeia ...

Alentejo ou celeiro, o meu moinho transpirou, parou. Já não existe cá farinha. Agora habita cá um poeta*...


*o grande Poeta e amigo António Mr Martins

Luísa Demétrio Raposo

P. S. - Luísa meu sincero agradecimento.

Serpa

Breves notas do Alentejo X


Serpa


Nas horas que em ti contam
Na Torre do teu esplendor
As histórias que remontam
Ao início de qualquer amor

És formosa como poucas
Inseres no castelo o museu
Tuas vozes ficam roucas
Num tal cantar que é o teu

Na igreja de Santa Maria
Sita na tua zona histórica
Estabelece-te um encanto

Do teu aqueduto irradia
A arquitectura mais rica
Que a todos causa espanto


António MR Martins

Olhei o horizonte vadio...


Olhei o horizonte vadio
Falésia perdida, mar ébrio
E procurei a mensagem algures
Tesouro encarte na folha da areia
Amálgama desejo, ensejo e coragem
Dos tempos que se consomem
Sem luar prata...
Lambido pelas ondas frescas assimétricas
Bafejou-me o alvoroço das gaivotas
No baile aplauso em voo desordenado
Pelo meu desvario feliz
De segredos gritados e murmúrios soletrados
No canto primeiro do verbo presente...
Tal o enleio...
Que me esqueci da noite...
E adormeci na manhã...

José Luís Outono

Moura

Breves notas do Alentejo IX


Moura


Jovem cidade em tons de progresso
Nestes difíceis tempos de contenção
O seu património sem retrocesso
Tem sofrido apurada manutenção

Do seu castelo, convento e museu
Se valoriza a definição histórica
Em conjunto do que prevaleceu
Sem ter que proceder a retórica

Bartolo se tornou seu ilustre herói
Ao liderar o exército contra Espanha
Afastando-a da vil e negra ocupação

Por ora seu dia-a-dia se constrói
Fazendo do turismo a campanha
Manancial de efectiva valorização


António MR Martins

terça-feira, 13 de julho de 2010

como fumo


há um imbecil que se afasta.

-esse imbecil sou eu.

há um idiota que se aproxima.

- esse idiota sou eu.

há um tipo parado no meio dos outros.

- o paspalhão que também sou.


amanhã serei mais nada.

e para tal, nem fico, nem vou:

como fumo,desaparecerei da estrada.

Alexandra Cruz Mendes "Alexis"

Vila Viçosa

Breves notas do Alentejo VIII


Vila Viçosa


Viçosa pelo teu nome de vila
Sofrida na existência sem igual
Terramoto e franceses em fila
Não te roubaram o Paço Ducal

Tiveste o Duque de Bragança
No teu seio e na tua história
A revolução devolveu a herança
De Portugal avivar a memória

Teu castelo e teus monumentos
Falam-nos de tantas vivências
Onde Espanca também acontece

Os mármores pisaram lamentos
E trouxeram outras fragrâncias
Que percorrer-te tanto apetece


António MR Martins

Caminhos pisados

Piso caminhos,
levemente,
tentado não machucar
as pedras que dormem,
que sei que guardam
pergaminhos
das histórias
de quem sentem passar…

Ao passar, pedi
como quem passa
e não volta a passar,
que me contem
minha história
para poder sonhar…
ou então, poder voar,
saindo deste cubo
sem lados
que me estreita,
e me limita;
quero levar meu corpo
muito para além do mar
sem pedras nos caminhos
para pisar ….
onde vislumbro ninhos
de Luz branca, infinita!!!

O caminho respondeu:
“a tua história és tu,
tudo o que tens e
tudo o que se perdeu…!”

…“És tudo o que pensas
e o que dizes,
sem consentir que juízes
tolham tua vontade
de obter o que precises,
como calma,
esse vento em manhã alva,
esse céu azul/cinzento na saudade…;
Ou de sol abrasando,
em ti, calor …

Tua história és tu …
e tudo o que souberes
fazer crescer em ti,
com ternura, amizade
e muito amor!”

Elvira Almeida

Barrancos

Breves notas do Alentejo VII


Barrancos


Vila que ornamenta os montes
Encostados a terras de Espanha
Com tradições que não afrontes
Onde toiros e toureio são a senha

Vastos pólos de cultura interioriza
Nos monumentos que em si estão
E no seu novel museu se sintetiza
História de idos povos na evolução

A rotunda principal ostenta o toiro
Demonstração da força das gentes
Que daquele solo retira proveitos

Têm nos enchidos o orgulhoso oiro
Contrariando muitos inteligentes
Que em todas as vidas só vêem defeitos


António MR Martins

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Relógio de cuco

No abrir da janela
Ouve-se o cuco a cucar
Quando entra dentro dela, carece
Já cego, no seu pensar
Logo a miúda aparece
Dançando a cantarolar
Vai à procura do cuco
Cansada no seu rodar
O relógio está maluco
E a miúda a dançar
Será culpa do relógio
Que tem a corda a saltar…
Cucu…cucu…cucu….
Mesmo que a menina chore
Logo o cuco vai voar…
Ela o libertou no seu sonho
O cuco não vai voltar
Tudo fica nesta vida
E tudo parte a voar…


Cristina Moita Pinheiro

Amareleja


Breves notas do Alentejo VI

Amareleja



No Poço do Chão almocei
Nessas tuas terras quentes
Depois dentro de ti passeei
Nas tuas vias mais salientes

Vi teu relógio no seu posto
Numa cor tão diferente
Dos amarelos do teu gosto
Pontificando o ambiente

Nestes dias de tanto calor
Foste das terras a maior
Envolvida nos cinquenta

Em ti vivem por amor
Por te conhecerem de cor
E tal ninguém lamenta



António MR Martins

domingo, 11 de julho de 2010

O teu último beijo

No dia
Da tua visita
Entrei num quarto
Com cheiro a éter
Sorri
Engolindo as lágrimas
Que me deixaste
Ao partir...
No meu rosto
Ficou o teu último beijo
E nas minhas mãos
O vazio
Das histórias
Que inventámos
Juntas

E voltei a sorrir
Engolindo as lágrimas
Que me deixaste
Ao partir...

Manuela Fonseca

in livro "O Último Beijo" (em dedicatória, da autora, à avó Júlia, ao momento da sua partida...), edições Temas Originais

Herdade do Esporão

Breves notas do Alentejo V


Herdade do Esporão



Nesse poderio da vinha
Instalada em grande espaço
Surge também a oliveira
No seio do teu regaço

Tua adega resplandece
Em local proeminente
Tua capela permanece
Com o castelo subjacente

Há local para degustar
E outro para se comprar
Os néctares dali nascentes

De outros pontos salientes
Se avistam belas paisagens
Guardadas noutras imagens



António MR Martins

O Sabor da Inocência

É todo masculino seu cheiro viril de amante
Perfumando meus desejos guardados no timo
No desabrochar da inocência em cada instante
Revelo-te meu doce sabor quando me aproximo
Dou-te de beber nos teus lábios, meu instinto
Com o sabor dessa nascente que em ti satisfaz
Enfeitando de suaves corais e aromas de absinto
O ventre desta gruta virgem por um instante fugaz
É toda feminina minha pele rósea, meu doce humo
Diante dos teus olhos silenciosos derramo-me sentindo
O desejo da tua boca sorvendo minha fruta, meu sumo
Entre minhas coxas o mundo gira e o céu vai se abrindo
Ensino-te os caminhos do meu prazer mais profundo
Por cada poro que passeias com tua língua e espume
Tua saliva, depois a brisa do teu sopro a arrepiar o fecundo
Corpo que minha alma e o meu coração pulsando resume

Helen De Rose

Aldeia da Luz

Breves notas do Alentejo IV


Aldeia da Luz



Na planura do teu viver
Retirada de outro sítio
Lutas por permanecer
Longe do livre arbítrio

Tuas ruas são paralelas
Plenas de brancas casas
Delas brotam as janelas
Que te dão lindas asas

Tens uma praça de toiros
E um museu de qualidade
Encostado ao Guadiana

A igreja cobre-te de loiros
Nessa completa igualdade
Pela paz que de ti emana


António MR Martins

Tranças

Porque sozinhos somos frágeis
Em tranças de fios quebradiços
Nos une a vida com mãos ágeis
Enquanto caminhamos postiços
No sentido forçado pelos sentidos
Por um rumo que nos leva perdidos.
Anda, vento forte – rajada –
Faz de tudo um quase nada
Desata-nos em madeixas soltas
Largadas às águas revoltas
Desta aventura feita da vida
Com a barragem destruída.
Que na nossa vulnerabilidade
Talvez sejamos mais completos
Do que entrançados sem vontade
Em tecidos rotos de afectos.
Goreti Ferreira

Escarapiada

Breves notas do Alentejo I


Escarapiada


Da farinha trabalhada
Para a massa do seu pão
É guardada a sobrada
Para outra concretização

Junta-se um pouco de mel
E várias uvas feitas passas
Numa medida algo a granel
Resultando outras massas

E no quente do rústico forno
Por onde o pão já passou
Esta nova massa é avaliada

Renasce com outro adorno
No jeito que o homem lhe doou
A saborosa e única escarapiada


António MR Martins

foto na net

sábado, 10 de julho de 2010

Lançamento da Antologia Poético-Literária "7 Pecados"


[Salta poeta do verso]

Salta poeta do verso
Do verso deste poema
E vai pr’ós copos pr’á farra
Vai viver a tua vida

Deixa a poesia azia
Contrapeso de aspirina
Que a vida não é poeta
Mais que um verso por achar

E deixa pr’a quem quiser
Os requintes e as manobras
De quem procura a beleza
Bem fora desta vidinha


Xavier Zarco

Castelo de Mourão

Breves notas do Alentejo II


Castelo de Mourão



Instalado numa colina
Donde avista sua vila
De frente toda a esquina
Na traseira terra tranquila

Encostado à Igreja Matriz
Defende assim suas ameias
Desde um tempo que não diz
Reza à Senhora das Candeias

Velhinho em suas paredes
Dá-se às festas de Mourão
Onde exulta a Padroeira

Apesar de todos os revezes
No culminar da procissão
Acolhe a Senhora na eira


António MR Martins

foto do Castelo de Mourão by Carlos Lopes Santos, in Olhares fotografia online

D. DINIS (1279 - 1325)

Herdando um reino já pacificado
E com fronteiras vindas de Alcanizes,
Andou O Lavrador mais ocupado
Tornando os seus vassalos mais felizes.
Sabendo que o caminho da riqueza
Assenta no trabalho e no saber,
Mandou o rei, ao povo e à nobreza,
A terra arrotear e aprender.

Tomando por esposa, em Aragão,
Senhora de elevada formação,
Até no casamento foi feliz.

Patrono foi das artes e cultura,
Mas veio, p'lo que fez na agricultura,
O nome que foi dado a Dom Dinis.
Vítor Cintra

in livro "Dinastias" (capítulo: I DINASTIA (1139 - 1383) ), edições Temas Originais

Évora cidade

Breves notas do Alentejo III



Évora cidade


Tudo em ti me enamora
Pela tua beleza e história
No passado e pela vida fora
No receptáculo da memória

Em ti viveu a mulher amada
Numa união que não engana
Por mim serás idolatrada
Da Sé ao Templo de Diana

Significado de formosura
No estabelecer que conténs
Apogeu de tantas nações

Nessa tua pura compostura
Elevas os valores que tens
Num mundo de contradições



António MR Martins