quinta-feira, 15 de julho de 2010

rua de r.


devo dizer-te r. que todas as noites te vejo passar a rua, sempre pelo mesmo lado, alentas o passo ao chegar ao fundo. mãos fundas nos bolsos, cigarro no canto da boca, olhar passageiro. devo dizer-te r. que a rua é, toda ela, um pedaço estreito de asfalto com fachadas de casas quase mortas. a minha casa é a segunda, na primeira janela do lado esquerdo espero-te eu com as cortinas entre os dedos e o medo entre o coração. sempre soube que virás uma noite destas matar-me. devo dizer-te r., devo dizer-te, que espero uma morte feliz.

Margarete da Silva (Mar)

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