quarta-feira, 14 de julho de 2010

Alentejo Duro





Erectas as nuas espigas o meu horizonte alargam, entra a pontas naturalmente amarelas.
A Espiga, que o meu corpo abotoa á beleza horizontal, tão, potentemente ardente como um sol.
O Sol me beija. O Sol me deseja. Mudo. Apino por mim galopa, sem medo ou subtileza fácil, porque é quimera, e é sempre uma abertura interna que separa os dias das trevas.
Um. Vaivém constante, nos dias e nas noites, o que os dias, demonstram, e as noites ocultam.
Entra-me o dia. Entra em mim. Entra-me a noite. Entra-me o vento. Entra quente. Em mim, só quem eu gosto, é que. Entra!
Entra, e rebenta esta terra bruta, como um ventre de mulher, que se rasga para os filhos dele nascerem , rompe.se na rocha dura. Redonda pela força, que em mim rebenta a tua estaca viva, coberta de poros. Sobreiros. Sombreiros, num pensar maduro, onde se cresta o desejo da colmeia ...

Alentejo ou celeiro, o meu moinho transpirou, parou. Já não existe cá farinha. Agora habita cá um poeta*...


*o grande Poeta e amigo António Mr Martins

Luísa Demétrio Raposo

P. S. - Luísa meu sincero agradecimento.

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