terça-feira, 29 de maio de 2012

16ª. Feira do Livro de Ansião 2012, de 30 de Maio a 3 de Junho



Os meus livros estarão à venda
na 16ª. Feira do Livro de Ansião, de 30 de Maio
a 3 de Junho, 2012, no Stand da Biblioteca Municipal,
no Largo do Município.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Apresentação dos livros "Máscara da Luz", de António MR Martins e "Memória das Cidades", de Vítor Cintra, em Ansião, no Auditório da Câmara Municipal, a 2 de Junho de 2012, pelas 21H30


Edifício da Câmara Municipal de Ansião

Largo do Município


O Presidente da Câmara Municipal de Ansião, Dr. Rui Alexandre Novo e Rocha, os autores, António MR Martins e Vítor Cintra, e a Temas Originais têm o prazer de o convidar a estar presente na sessão de apresentação dos livros “Máscara da Luz” e “Memória das Cidades”, no âmbito da 16ª. Feira do Livro, a ter lugar no Auditório da Câmara Municipal, sito no Largo do Município, em Ansião, no próximo dia 2 de Junho, pelas 21:30.

Obras e autores serão apresentados pelo escritor Filipe Antunes dos Santos e pelo poeta Emanuel Lomelino, respectivamente.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Apresentação dos livros "Máscara da Luz", de António MR Martins e "Memória das Cidades", de Vítor Cintra, no Olimpo Café Bar, no Porto, a 26 de Maio, pelas 17 horas.

No Olimpo Café Bar

Rua da Alegria, 26, no Porto




Os autores, António MR Martins e Vítor Cintra, e a Temas Originais têm o prazer de o convidar a estar presente na sessão de apresentação dos livros “Máscara da Luz” e “Memória das Cidades” a ter lugar no Olimpo Bar Café, sito na Rua da Alegria, 26, no Porto, no próximo dia 26 de Maio, pelas 17:00.



Obras e autores serão apresentados pelas poetisas Ana Lopes e Conceição Bernardino, respectivamente.


Apareçam e tragam mais amigos convosco!

quarta-feira, 23 de maio de 2012

[e mesmo que me doa]




e mesmo que me doa
quero-me assim

envolta nos cheiros
dos jardins que desconheço
onde as pétalas podem ser laminas
... as laminas beijos
mas os beijos beijos

que jorre verdade das cascatas
ainda que em pó me restem os ossos
e mescle em negro
o arco-íris nado morto

que jorre tempestiva
mas que em cristalino eu a sorva

não sei cantar os pássaros
os campos de alfazema
falar bonito
limpar o céu

se nos pulmões
da minha alma
sufoco
 
 
ana p. madureira

Mesclado sentir







O sopro do vento acalma
os sentires duma partida
um suspiro que vem da alma
no acontecer que é vida

sucedem-se as despedidas
entre mágoas e saudades
umas ternas ou divididas
e com tantas prioridades

damos abraço apertado
ao amigo que vai embora
nunca sabendo se regressa

e um beijo por outro lado
ao amor que tanto demora
sem haver nada que impeça



António MR Martins

terça-feira, 22 de maio de 2012

A apresentação de "Máscara da Luz", que havia de ter sido feita, a 19 de Maio de 2012, por José-Luís Ferreira


"MÁSCARA DA LUZ" de ANTÓNIO MR MARTINS,

o Tratado Verdadeiro duma Poésis do Quotidiano

Entendo como Tratado Verdadeiro duma Poésis do Quotidiano, a leitura que me permiti fazer deste livro de António MR Martins, induzido pelas suas poesias e conduzido pela pertinente análise de Catarina Moura Castel-Branco Boavida, no seu invulgar prefácio, de singela e profunda eloquência, fechada à chave, numa sábia sentença: «Não tentemos mudar o Mundo… / Tentemos antes civilizadamente humanizá-lo. / Ou humanamente, civilizá-lo».

O próprio Autor permanece, preambularmente, auto-(re)identificado, porque, sem […] «saber fugir da manha» […] «sem esquecer a verdade» […] persiste em […] «fantasiar a contenda, / mesmo que o leitor não entenda, / esperar a inspiração, / procurar a solução, / buscar a imensidão / e jamais ter emenda. // E continuar a escrever versos!...»

…e é por causa de um e, da outra, que – ao assumir o privilégio da apresentação deste seu livro, na terra onde nasci (e onde escrevi, há 59 anos, os meus primeiros poemas editados, na página literária dum diário lisboeta) – me permito, impudicamente, fabricar um poema de apropriação, projecção parcial de títulos dos seus poemas que – nele publicados (sem desprimor dos restantes) – mais apreciei: mas, isso, fica para o Fim!...

Tive e terei viva, comigo, sempre!, a presença memorial dos meus irmãos Poetas, assexuados e sem hierarquia de idade nem cor-de-epiderme, de fortuna ou fealdade: todos irmãos, alguns mais, do que outros! Sem culpa, nem remorso, pela emoção (ir)racional da Palavra, na racionalidade emocional e, supremamente inteligente, do pensamento crítico livre – o sangue e o esqueleto, que nutrem e suportam a carne, a sensibilidade da força à flor da pele, a "Máscara da Luz" da alma, a música da voz humana, tal como aqui a sinto plasmada. Neste exercício complexo de Arte Literária, o Livro com esse título.

A Poesia pode estar em qualquer lado, em todo o lado, em toda a parte, em qualquer sítio, (Jorge de Lima) como se não ocupasse espaço e não tivesse lugar, a qualquer hora de relógio, na expedita semana lunar ou na assimetria mensal dos calendários… A Poesia é a Arte-Síntese da Palavra… no Poema.

…Ou pode ser – precisamente, ao contrário: um mecanismo de dizer o máximo (ou o mínimo), com o máximo de palavras, gozando a métrica e a rima fonética, escrita às escadinhas, para gritar ou murmurar, vociferar ou – mais complicadamente – funcionar como acção gratuita, substitutiva do sexo freudiano, na masturbação mental, na agressão sádica ou no passatempo masoquista…

Tanto pode não ser susceptível de forma convencional, como pode (in)variável e, generalizadamente, ser escrita em qualquer língua, (in)vulgar, (in)comum, ou (in)existente. Cheia (ou vazia) de gramática. Caligráfica e (des)obrigada, da responsabilidade implicada por qualquer delinquência ortográfica…

…trate-se da Língua-Pátria Portuguesa ou de outro idioma linguístico de escrita elegível. Legível (ou ilegível), ...ou seja: uma língua Materna / ou Paterna / a língua da sogra; …uma língua viva / ou uma

língua morta; uma língua de cobra / uma língua de cabra; ou em língua estrangeira: a mais difícil e antiga língua popular / em calão / na gíria / ou na (in)compreensibilidade vulgar da erudição…

Pode dizer-se, em surdina ou alta-voz, rouca ou bem timbrada: em língua bífida, belfa, gaga e muda. Ou gestual. Em silêncio e às escuras. Ou em chamas. Em música, sem palavras / pode ser escrita e lida com perfídia / subvertida e malfazeja / chorosa, magoada, melancólica / queixosa, revoltada, pela indignação / pode ser verdadeira / e pode ser falsa / pode ser escrita muito-bem / muito-mal e assim-assim – sempre com a beleza que vai dos luares no firmamento, às tempestades / dos vulcões ou dum tsunami à paz aparente da calmaria – …a Poesia pode ser tudo. Ou nada.

Como um tiro-a-sério, de caçar, para matar (na defesa, ou por ataque) ou apenas pela pontuação de acertar num alvo artificial. Ou um tiro de pólvora-seca. Um tiro-sem-bala. Um jogo sem bola… um foguete. Ou uma bomba!

A Poesia pode ser escrita, portanto. E traduzida, vertida, adulterada, ou subvertida, por qualquer ser humano: Autor …ou Leitor.

…o Verosímil e o Inverosímil na Poesia e na Vida, são como o semelhante e o dissemelhante. O crível e o incrível: a verdade-factual e a verdade-imaginária, boiando no charco de uma mediocridade ociosa e marginal ao pensamento prático comum…

A vulgar poesia do quotidiano não é menos bela (nem mais bela) do que a bela poesia bélica, a poesia marcial, em prosa às escadinhas, em hino, em marcha ri(t)mada, cantada a um-dois / esquerdo-direito, ou a passo em frente, passo ao lado, como a polca …ou a um-dois-três, como a valsa. Alto! Descansar! Destro…çar! Acabou a guerra!

A Poesia de Contestação, de Intervenção e Propaganda, Política e Social, de Escarnho-e-Maldezer… Épica, Lírica, Trágico-Dramática, Cómica… (teatral, opera’tária, letrista e de letreiro, mural ou de placard)! (Ribeiro de Mello)

Há, houve sempre e, eu ouvi, até ensinamentos – de muitos explicadores sábios (mas pouco-estudiosos) lentes-e-repetentes de literatura e técnicas de versificação, que não eram nem são Poetas – árabes ou hebreus, nem gregos ou troianos, latinos, celtiberos ou lusitanos… germano-saxónicos, védicos ou sino-nipónicos – mas que ensinavam à burguesia iletrada, a diferença morfológica que se faz, entre a prosa e a poesia… e vice-versa.(Molière)

A saúde poética e o erotismo, o mal-estar social, a dor d’alma dos doentes, a fome das crianças, as dores-de-mãe, o cansaço assimétrico das velhas e dos velhos, inúteis, resistentes às diversões ocupacionais e aos passatempos experimentais dos gerontólogos, inimigos da eutanásia, investigadores egoístas da ciência da comprovação… parlamentares corteses, políticos e juízes!

Os coveiros das revoluções, os sufragistas da heroicidade patriótica, os coleccionadores de caveiras, são os proprietários intelectuais dos dois termos constitutivos da palavra composta: «Liberdade-Morta»

«Morta», o adjectivo que assassinou o nome e o conteúdo, a essência neutro/feminina do substantivo singular «Liberdade», abstracto, ilegal, indefinível, essencial à Vida Humana!

A expressão «Liberdade-Morta», sarcófago da Palavra-arquivada em estantes-mausoléu-de-livros, Bibliotecas desertas, abandonadas, museus de-lixo-e-luxo, cemitérios de uma cultura inútil de artefactos, tristes e silenciosos.

A primeira leitura de uma Poesia ou dum Poema (sacrilégio, ou comunhão devota) feita por um leitor estranho à sua escrita, é sempre uma apropriação. Uma invasão legítima, pública, ou secreta.

A segunda e a terceira leitura do mesmo poema, entram em domínios de alto-risco e roubo tendencial: a Poesia é sujeito passivo de apropriação, memorização e récita, perversão e desrespeito, a traição potencial.

Como se a Poesia não fosse «para comer» (Natália Correia) mas para ser roubada e explorada, para ser comida ou deitada fora, rasgada sobre uma lixeira, ou para «servir de mortalha ao cadáver duma ave, ou dum gato»!

A Poesia, hoje, é de hoje! Pode estar no Tempo, não sair do papel. Não ser escrita, sequer, como sempre(?). Mesmo que um dia não existissem mais Poetas, que a registassem, que dela fizessem Arte Literária (por exemplo) … Ela a Poesia, continuaria a existir e a manter-se à espera do Regresso dos Filósofos, dos Vates, dos Poetas!

Por ser imaterial, a Poesia veicula-se através de tudo quanto é (ou não é) sítio, aparenta mudar de forma e estilo, de modo e de maneira.

Poderá parecer que existem(?), hoje, mais poesias, mais Poemas e mais Poetas …sobretudo àqueles que não fazem a mínima ideia (e muitos são) de que a Poesia exista, porventura, no íntimo da sua própria identidade humana (divertida e distraída) cívica, ou destituída de civismo, a lattere dos índices habituais de analfabetismo…(Paseyro)

Muita da Poesia que hoje nasce (existe e se conhece), não pode ser copiada, nem plagiada, nem restaurada, nem contrafeita, nem coincidente, nem simétrica ou assimetricamente posicionável, em relação a qualquer passado do qual seja ou possa vir a ser futuro. Poderia ser consumida, mentalmente assimilada e digerida, como alimento!

Em múltiplas acepções, existem – actualmente – novos meios e suportes de escrita digital, constituindo um novo veículo virtual para a Poesia: a E-Poesia existe. Existem Web-Poemas. Existem E-Books de Poesia. Existem novos simulacros, materializando novas literaturas, na efeméride comunical das auto-estradas da Internet, nos jogos da guerra da Informação simultânea, caótica e Global… (F. Carvalho Rodrigues)

Um Livro Impresso (uma brochura, uma encadernação) passará, em breve, a ser tratado como raridade: um precioso e exótico artefacto old fashion, raríssimo e disputado, pelos patrões dos antropólogos!

Provavelmente, um dia, noutro tempo, noutro espaço, novas formas de vida olharão (com aquilo que tenham para vê-lo, ou identifica-lo) para um livro …como para algo misterioso, quiçá fascinante… senão

perigoso: um estranho objecto arqueológico, vestigial da existência dos seres humanos, paradoxalmente inventivos e reaccionários, progressivos e regressivos, construtivo-destrutivos, solidários e assassinos-suicidários, o que somos hoje – nós, que aqui estamos – à imagem e semelhança de um taxa mediana na estatística da população universal desta imunda e bela Nave dos Homens!

Nada disto será exclusivo poético autoral do António MR Martins. Porque ele é Poeta: um Poeta. E não é os Poetas-todos. Nem o maior poeta, no rink da competição literária, ou na feira-das-vaidades do poet’astrocenso. (Camões)

Ele sabe disso. Ele sente isso. Essa humildade é uma das mais legítimas razões do seu orgulho. De Pessoa Humana. Pensante e sentimental. Inteligente e emocional. E, saber-se isso, dele, é extremamente importante: porque é essencial para ser Poeta. É uma raridade, hoje, tal qual, supostamente, a existência de livros o será. No futuro.

JOSÉ-LUIS FERREIRA SAMBORINHO, CARAMULO, 2012, 14 DE MAIO

domingo, 20 de maio de 2012

Paraíso


Invejo a vida no paraíso,
porque lá, longe, nesse mundo, existirá tudo o que preciso!
Lugar sem ansiedades,
espaço que oferece o que não pedimos e não permite as saudades!

*

Sou a possuidora do teu perdão,
porque guardo-o no meu colo até ao momento da sublime perfeição.
Sou atirada para o passado de uma feliz infância,
momentos de vida dos quais ainda sinto suave fragrância!

*

Invejo a vontade de te não ter,
porque te queria ter tido antes de morrer!
Toca-me a tua presença que não dorme
velando os meus anseios de um amor que é enorme!

*

Sou o retrato vivo da mulher que chora,
porque o passado lê paisagens de entrega e ignora!
Sou o anjo que abraçou a dor, aquela que só é a minha,
aquele rosto dócil que esconde a tal dor, aquela que é mesquinha!

*

Quero a minha vida no Paraíso,
dispo-me de todas as forças, desnudo-me se até isso for preciso!
Quero dias cheios de entardecer,
só quero viver tudo isto, só quero porque mais ninguém quer!


Ana Lopes

Dormente silêncio


Se esconde a miséria
embrulhada na discórdia
coisa rude muito séria
até que haja concórdia

num inquieto empobrecer
entre as gentes mais sofridas
vence o reles enriquecer
sem olhar por outras medidas

cresce a crise imperfeita
entre músculos e tenazes
pelos grupos de tanta seita
que nos tornam ineficazes

há o silêncio num grito
e a valentia é mito


António MR Martins

domingo, 13 de maio de 2012

Apresentação dos livros "Máscara da Luz", de António MR Martins e "Memória das Cidades", de Vítor Cintra, na Biblioteca Municipal Dom Miguel da Silva, em Viseu, a 19 de Maio, pelas 16 horas




Biblioteca Municipal Dom Miguel da Silva

O Presidente da Câmara Municipal de Viseu, Dr. Fernando Ruas, os autores, António MR Martins e Vítor Cintra, e a Temas Originais têm o prazer de o convidar a estar presente na sessão de apresentação dos livros “Máscara da Luz” e “Memória das Cidades” a ter lugar na Biblioteca Municipal Dom Miguel da Silva, sita na Rua Aquilino Ribeiro, nº 10, em Viseu, no próximo dia 19 de Maio, pelas 16:00.

Obras e autores serão apresentados pelo escritor José-Luís Ferreira e pela Drª. Teresa Gama, respectivamente.


Esta sessão terá alguns momentos musicais a cargo de:
José Alberto Monteiro Rodrigues (Zeal)
0 - Introdução com poema: A MAIS BELA MELODIA, do livro “Águas de Ternura”, de António MR Martins;

0 A – Apresentação da sessão pelo coordenador da mesma, representante do Município de Viseu;

1 - Traz outro amigo, também, composição de Zeca Afonso;

1 A – Apresentação de obra e autor de “Máscara da Luz”, por José-Luís Ferreira;

2 - Trova do vento que passa, música: António Portugal, letra: Manuel Alegre, intérprete original: Adriano Correia de Oliveira;

2 A – Apresentação de obra e autor de “Memória das Cidades”, por Teresa Gama;

3 - Partir para não voltar, composição de Zeal…José Rodrigues;

3 A – A palavra ao autor António MR Martins;

4 - Queda do Império, composição de Vitorino Salomé;

4 A - A palavra ao autor Vítor Cintra;

5 - Canção de Viseu Senhora da Beira, letra e música: Frederico de Brito, intérprete original: Tristão da Silva;

5 A – Encerramento do programa com a sessão de autógrafos dos autores.



APAREÇAM E TRAGAM MAIS AMIGOS CONVOSCO.  

VIVA A POESIA !!!


Amigo(as),

Aguardamos a vossa presença neste belíssimo local da cultura, em Viseu,
para em conjunto podermos interagir com a poesia, com as palavras
e com a amizade, em são e fraterno convívio.

Apareçam e tragam mais amigos convosco.

Todos serão bem vindos.

Abraço


sábado, 12 de maio de 2012

És-me
e nunca foste minha
navegas no lamento das águas
onde as aves não pernoitam
e a noite avança em pleno dia

refletem –te os espelhos
e no sangue agitado das rosas
nascem gritos de silêncio

os braços ancorados
calam os abraços
distantes os lábios
do murmúrio do mel

quero-te página do meu livro
letras com asas
amanhecer de gestos e palavras…


Clara Maria Barata

À espera



Aqui estou
sentado na espera sem tempo de chegada
as pessoas passam pelo atendimento
num balcão que os recebe
seguindo o destino indicado
onde o exame clínico os acolherá

há um contraste em cada vida
e outro diferente no exame que os aguarda
enquanto sentado continuo à espera
olhando o ritual de cada chegada
e o ápice da partida

para uns haverá regresso
para outros o registo de desiguais passos
se o registo do envio pelo correio
for liquidado à partida
ou se for díspar o registo em cada exame

o resultado da novela clínica
equacionará o sentido da revolta
ou a acalmia de um respirar profundo
entre um singelo rastreio à próprio alma

tudo isto acontece
enquanto sentado
os pensamentos em turbilhão
se sucedem

e eu
continuo à espera

António MR Martins

foto: Zhouzhuang - Kushan (China), by Gonçalo Lobo Pinheiro

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Fúria



Incompreensível estado de alma
Foge-me a razão, perco a calma
Que se foi com o Sol de Verão
Choram nuvens de desconfiança
Regam terra árida d'esperança
Brotando de mim esta irritação

Momentos de escassa paciência
Num paciente são incoerência
Na enxurrada vai todo o alento
Confuso encho-me de lamúria
Explode este meu peito de fúria
E com ele eu também rebento

Emanuel Lomelino

in livro "Aprendiz de Poeta", página 27, edições Temas Originais, 2010

Degustando frutos vermelhos



Cereja rubor encantado
no despoletar de sensações
num sentido enamorado
entre palpitar de corações

morango em sensual boca
ao lento cortar em pedaços
faminta desejosa louca
erotiza todos os traços

pelo sabor da framboesa
em espaço assaz bucólico
vai resistindo com firmeza
ao desenlace melancólico

entre afago do paladar
o mirtilo do verbo amar

António MR Martins

imagem in pepita.blogs.sapo.pt

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Chamaste-me feiticeira
Ou que feitiço te fiz
Só mesmo por brincadeira
De ao pé de mim seres feliz

O feitiço é ilusão
De quem no peito sente a chama
Pois somente o coração
Sabe a razão porque ama

Ai se feitiço houvesse
Para o meu bem ter sempre perto
Se a receita eu soubesse
Para o amor dar sempre certo

Eu a espalharia pelo vento
Pelos quatro cantos do mundo
E nunca mais um lamento
E nem um amor moribundo

Se o feitiço for a chama
De uma paixão verdadeira
Deixa estar acesa a chama
E deixa-me ser feiticeira


Angelina Andrade


No espaço fugidio da luz
se esquece a brisa do ar
onde entre amantes seduz
um controverso respirar

beijos carícias e afagos
mãos que mexem e sentem
bocas lábios e tragos
olhares trocados não mentem

gotejam os poros suados
abraços infindos apertam
envolvendo corpos sentidos

pela sedução penetrados
em sublime prazer despertam
num imenso abraço despidos

António MR Martins

Foto: Lituânia (2010), by Gonçalo Lobo Pinheiro.