domingo, 25 de junho de 2017

Destino


Imagem da net.




Na voz do silêncio
Se ouve o rigor.

Matéria de ensino
Aperto na dor,
Última soalheira
Ou agreste inverno.

Verso-poema
Em campo de abrigo,
Memórias perdidas
No fado da vida.

 
António MR Martins

sábado, 24 de junho de 2017

Sandra Freitas


Sandra Freitas, imagem da net.




Nome

O orvalho do meu nome
traz-me ribeiros mansos
e a infância que ainda não tive,
vai mergulhar o rosto num
pólen de aventura e esperar
que um astro luminoso me
avalie com sabedoria.
Hei-de sentar-me ao lado da
minha fonte, com silvas aos
pés, e deixar que todos os sons
matinais refresquem a minha sede.

Sandra Freitas, in “111”, página 145, edições Chiado Editora, Fevereiro, 2017.  

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Ilogismo absoluto


Fogo de Pedrógão Grande, imagem da net.



Neutro assumir,
peremptório posicionamento
entre as moléstias desavindas
nos resquícios da inconformação.

Um prurido constante
cinde os sentidos do plano
e nada acontece em conformidade.

Profligam-se todas as teses da perfeição,
o estabelecido torna-se inconsequente
e impossível de se concretizar.

Ultimam-se novas peripécias
na encruzilhada da hecatombe
que surpreende os minutos seguintes,
entrando tudo fora de controlo.

Tiritam os temores
perante um calor avassalador
e os estalidos ressoam nos ouvidos
de todas as sentidas escutas.

Ao fundo a labareda
planeia seu ritmo devorador
e a carne atónita
é queimada no seu interior,
num alarmante súbito sentido.

O aprazível verdum vira acastanhado
e o fumo evidencia o tapear empolgante.

O absurdo rodeia a circunstância
e o galarim fenece,
na firmeza selectiva do implexo lume
tudo fica feito em tristes cacos.

O doidivanas tudo aglutina
e a resignação
de quem mais nada pode
faz-se observar no rude horizonte.

Valeram os homens de vermelho
que jamais se renderão
a tão estouvado demolidor.

Mas a morte mora ali
e ficará para sempre
na nossa memória.

 
António MR Martins

terça-feira, 20 de junho de 2017

Henrique Levy


Henrique Levy, imagem da net.



ANOITECE

o corpo não pede gestos
nem pétalas perfumadas de gerânios
nem naus em portos longínquos
nem mãos sobre altares buscando preces
nem o último olhar do sol sobre a ilha antes de adormecer

o meu corpo é agora o lugar
de lábios demorados que
sobre ele desatam beijos

no entardecer dos teus olhos
brilha em repouso o requiem da entrega

noite em que os muros as roseiras bravas
vieram debruar de alvíssima seda
em que o lamento das borboletas
das asas se desprende no crepúsculo cintilante
mergulhando o mar…

Henrique Levy, in “Noivos do Mar”, página 37, edições Labirinto, colecção contramaré / 13, Abril de 2017.

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Sessão de autógrafos


Sessão de autógrafos no Espaço Chiado, da Chiado Editora, na 87.ª Feira do Livro de Lisboa, dia 17 de Junho de 2017, pelas 22H00, com o meu livro "Empresta-me a Palavra".
 
 
 
 


quinta-feira, 15 de junho de 2017

Sessão de autógrafos com "Empresta-me a Palavra", na Feira do Livro de Lisboa 2017


Vou estar na Feira do Livro de Lisboa 2017, no Parque Eduardo VII, no próximo dia 17 de Junho, pelas 22H00, para uma sessão de autógrafos no Espaço Chiado (Chiado Editora), com o meu livro "Empresta-me a Palavra".

Apareçam e tragam mais amigos convosco.

Muito obrigado.

Meu abraço.





Soalheiro quotidiano


Imagem da net.




Há um grito prenhe
que ecoa
nas feridas da seara
onde o trigo amanhece
com os silenciosos grilos,
ante a única causa
da verdade permitida.

A imagem visionada
emoldura-se
pela lentidão nos dias soalheiros,
num contexto,
quase,
habitual,
mesmo a qualquer dia domingo
de um mês qualquer.

Fosse ele um sábado
ou uma segunda-feira!...

 
António MR Martins