sexta-feira, 23 de junho de 2017

Ilogismo absoluto


Fogo de Pedrógão Grande, imagem da net.



Neutro assumir,
peremptório posicionamento
entre as moléstias desavindas
nos resquícios da inconformação.

Um prurido constante
cinde os sentidos do plano
e nada acontece em conformidade.

Profligam-se todas as teses da perfeição,
o estabelecido torna-se inconsequente
e impossível de se concretizar.

Ultimam-se novas peripécias
na encruzilhada da hecatombe
que surpreende os minutos seguintes,
entrando tudo fora de controlo.

Tiritam os temores
perante um calor avassalador
e os estalidos ressoam nos ouvidos
de todas as sentidas escutas.

Ao fundo a labareda
planeia seu ritmo devorador
e a carne atónita
é queimada no seu interior,
num alarmante súbito sentido.

O aprazível verdum vira acastanhado
e o fumo evidencia o tapear empolgante.

O absurdo rodeia a circunstância
e o galarim fenece,
na firmeza selectiva do implexo lume
tudo fica feito em tristes cacos.

O doidivanas tudo aglutina
e a resignação
de quem mais nada pode
faz-se observar no rude horizonte.

Valeram os homens de vermelho
que jamais se renderão
a tão estouvado demolidor.

Mas a morte mora ali
e ficará para sempre
na nossa memória.

 
António MR Martins

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