sábado, 26 de novembro de 2016

Vera Sousa Silva







Os olhos

São meus olhos que te amam.
Quedam-se em tentação perante teu corpo
e ajoelham-se à tua voz.

Não sou eu!
Nunca fui eu quem te amou
nas ardências das lágrimas,
nos soluços dos gritos.

Foram eles – os olhos!
Traiçoeiros do meu ser extinto,
monólogo dos meus lábios
silenciosos…

São eles, os olhos,
que te amam assim

loucamente!

 
Vera Sousa Silva, in “Bipolaridades”, página 32, edições Lua de Marfim, Maio de 2012.

Invento-te para a vida


Imagem da net, em: Pinterest




A boca, rastreio dos olhos
na raiz do medo
em vida decorada de escolhos.
A luz ao fim da estrada
que liberta o segredo.

Querer-te
na imensa gestão da lágrima,
semente do meu chão
corpo do meu ventre.
Gélido passo
no desconforto de tanta estima,
surreal razão, sentido único,
o laço da grandeza humana.

Plena descoberta,
qual sensação?!
Jamais, um custoso dilema.

Para ti invento o verão,
num sorriso em poema!

 
António MR Martins

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Fátima Guimarães






Plenitude

Tudo arde.

Não há sol
nem lua
nem terra ou mar.

Há silêncio
plenitude
e a pele
enlouquecida
respirando nos teus dedos.

Fátima Guimarães, in “a voz do nó”, página 14, edição da autora, Novembro de 2014.

Sem solução


Imagem da net, em: www.fotolog.com



Brando céu, hostil comando, folha morta,
ponte quebrada, porto escondido,
estrela cadente, vida tão torta,
margem mínima, género perdido.

Suprema virtude, rosa sem canto,
apelo à saúde… sem direcção,
bocejo profundo, sinal de espanto,
aperto viral… tenho a sensação!...

Tanto devaneio, tal negligência,
rastreio tão mole, tal competência,
nestes tempos de tamanha espera.

Tantos furtos, corruptos da sedução,
ideias balofas, múltipla sugestão,
eis o vil pecado desta quimera.

 
António MR Martins