sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

porvir defeituoso

 

Imagem na net.


se todas as rotas
colidirem com um abismo fatal
todos os voos singelos
poderão levar à profundeza infinita
 
nada será esporádico
neste condimento enfeitado
onde se confrontam
todos os conceitos
defeitos
e preceitos
a que quase todos estamos sujeitos
 
a troça é consistência
de todo o vigarismo
numa aperreação constante
e idónea no seu elicitar
 
as fasquias cheiram
ao fedor da maledicência
e do egoísmo doentio generalizado
 
se todos os caminhos
passarem pela encruzilhada letal
todos os voos incertos
se poderão esfumar
para sempre.
 
 
António MR Martins


quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Graça Alves

 

Capa do livro "Cores do Silêncio", 
de Graça Alves


À VIDA
 
Não sabemos p’ra onde caminhamos
Conhecemos princípio e não o fim
Os dias velozes, vacilamos
E alternam na viagem não e sim;
 
Na bagagem histórias transportamos
Ódios, amores, enganos, enfim!
Há curvas na estrada, hesitamos
Lutas, conquistas, maior é o ruim.
 
Quem vale não hesites em amar
Não oiças a inveja e o despeito
De cobardes que punem o perfeito.
 
Bom é ao fim da viagem chegar
E sentir que o caminho foi cumprido
Olhar o céu, sorrir agradecido!
 
Graça Alves, in “Cores do Silêncio”, página 56, edições Palimage Imagem Palavra, Maio 2015.  

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Vítor Cintra

 

Neste dia, 11 de Janeiro, nasceu, em 1941, o saudoso e enorme poeta, ser-humano e amigo Vítor Cintra. Muitas saudades!!!

 

No dia do lançamento do meu livro "Águas de Ternura", 
26 de Março de 2011.

 

CORAGEM

 

Perdida a inocência, na voragem

Das horas, dessa angústia que te fere,

Soubeste demonstrar que, ter coragem

É mais do que se pensa, ou que se quer.

 

O mundo te deixou ao abandono

Depois de, qual farrapo emocional,

Te ter gerado, como cão sem dono,

Por gozo, irresponsável, de animal.

 

O frio, a fome, o sono, além do medo,

São todos os brinquedos que, criança,

Do mundo recebeste, como herança.

 

No teu sobreviver há um segredo

Que é feito de heroísmo e da carência,

Que cedo te roubou a inocência.

 

Vítor Cintra, in “Entre o Longe e o Distante”, página 19, edições Temas Originais, 2009.

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Vil consumação

Imagem na net.

 

Num abraço ondulado
entre repelões constantes
exprimindo vis desejos,
dum corpo mal-amado
pelas mentes delirantes
avessas a tantos beijos.
 
Nessa tal afinidade
semente da provocação
consentida sem proveito,
miragem ou realidade
na sólida consumação
de te porem tão a jeito.
 
Em tórrido rebuliço
de aprumo vigorante
e repleto de emoções,
simbolizas um feitiço
num apego delirante
desfazendo os corações.
 
 
António MR Martins