terça-feira, 2 de maio de 2023

Longe

 

Macau visto da Taipa (à noite). 
Foto de António Martins.


A distância não permite

desacatos nas margens da intimidade

e o empolgante fulgor rareia

na passagem da intemporalidade

de todos os meandros dos corpos.

 

A lonjura pressupõe ambiguidades

na ansiedade dos âmagos

e o rigor transcende

todos os condimentos

intrínsecos ao explanar do tempo.

 

Para lá de todos os montes

mares e rios

restam os caminhos saturados

pelo percorrer contínuo

de um passado

que não atenua o distante.

 

Há sempre um bloco de gelo

que se quebra calmamente

ao apertar dos dias soalheiros

pelo nervosismo quente

ou pela ânsia irreverente

dos raios solares expostos

a todas as circunstâncias.

 

António MR Martins

Macau, 2023.02.03