Macau visto da Taipa (à noite).
Foto de António Martins.
A distância não permite
desacatos nas margens da intimidade
e o empolgante fulgor rareia
na passagem da intemporalidade
de todos os meandros dos corpos.
A lonjura pressupõe ambiguidades
na ansiedade dos âmagos
e o rigor transcende
todos os condimentos
intrínsecos ao explanar do tempo.
Para lá de todos os montes
mares e rios
restam os caminhos saturados
pelo percorrer contínuo
de um passado
que não atenua o distante.
Há sempre um bloco de gelo
que se quebra calmamente
ao apertar dos dias soalheiros
pelo nervosismo quente
ou pela ânsia irreverente
dos raios solares expostos
a todas as circunstâncias.
António MR Martins
Macau,
2023.02.03