domingo, 24 de julho de 2016

Edgardo Xavier






A ALVORADA

Ninguém sai de ser pedra para a indiferença.
Ninguém se toca sem arder
e todos os teus desejos se cumprem
no tumulto do meu sangue.

Sou carne que geme na alvorada da infâmia
ao chamamento surdo que nos violenta.
Vejo a tua boca, fonte de farpas e medos
gritar rouca pelos homens do mundo
mas só eu respondo
e só eu em ti me entranho e afundo.

Corre, amor bravio e liberta-me.
Deixa que morra na tua seda de pele e ferro
no teu mar morno, revoltado
na tua saliva ardente.
Vem, mata em mim a tua sede
e canta a minha vontade de voo.

Edgardo Xavier, in “Escrita Rouca”, página 54, edições Insubmisso Rumor, Junho de 2016.   

De volta ao Alentejo profundo


Mourão, uma rua - Foto de António Martins



Do distante ao perto
de tanto sentir

quando se entrava
naquela rua de casas térreas
ao bom cariz
das aldeias
e vilas alentejanas

o céu queimava
a soalheira cantiga
da sesta adormecida
pelo exterior vazio
da gente
onde o branco se mantinha
num tom
ora brilhante
e mais luzidio
perante o baço turvo dos dias 

na casa do fundo
ouvia-se o cante
na sonoridade  de um rádio a pilhas
numa dolência conformada
pelos trilhos rudes
da sobrevivência

ainda a cegonha
havia abalado há pouco
e as pilhas
demorariam
algumas semanas
a sucumbir

 
António MR Martins

sábado, 16 de julho de 2016

"Empresta-me a Palavra", de António MR Martins


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