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Vês em mim a nostalgia perdida
dos anos bons,
as penas queimadas das mudanças
de estação,
a debandada das aves
que procuram o sol num outro lugar,
as rugas emergentes do acumular dos dias.
Vês em mim a saudade
das correrias da juventude,
o traço indefinido que o tempo transformou,
a secura da voz
que se vai tornando inaudível,
o cansaço do corpo
que nos faz parar vezes demais.
Vês em mim os meses passados
pelo olhar algo parado,
um respirar ofegante
de outras paragens humanas,
a ténue margem que nos separa
nesta caminhada.
Vês em mim
tudo o que em ti vejo,
a certeza de aqui estarmos
vendo-nos mutuamente
e de um momento para o outro,
no intervalo de um breve sorriso
ou de uma melancólica tristeza,
nos podermos abraçar.
António MR Martins