Capa do livro "A solidão é como o vento",
de Graça Pires
O estranho
retorno de um espanto
aconteceu-lhe muitas vezes.
Mas nunca como naquele dia
em que a luz foi mais intensa
nos seus olhos de criança.
Avistou-o ao longe, o seu gato,
companheiro de todas as tropelias,
que ficara na quinta dos avós
quando mudou para a cidade.
Ninguém sabe como enfrentou
tanto atalho, tanto quebranto,
tantos perigos para chegar ali,
ao sítio onde morava o menino.
E ele, o menino, afogou a sua mágoa
nas felinas tonalidades do olhar de um gato
a quem chamava “bonitinho” e era dele.
Graça Pires, in “A solidão é como o vento”, página 58,
Poética Edições, Abril de 2020.
aconteceu-lhe muitas vezes.
Mas nunca como naquele dia
em que a luz foi mais intensa
nos seus olhos de criança.
Avistou-o ao longe, o seu gato,
companheiro de todas as tropelias,
que ficara na quinta dos avós
quando mudou para a cidade.
Ninguém sabe como enfrentou
tanto atalho, tanto quebranto,
tantos perigos para chegar ali,
ao sítio onde morava o menino.
E ele, o menino, afogou a sua mágoa
nas felinas tonalidades do olhar de um gato
a quem chamava “bonitinho” e era dele.
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