Capa do livro "a chuva a gemer sobre o piano - a Pina Bausch -",
de Dalila Moura Baião.
XV
Bilhete de classe única
Não
se apoquentem
a vida passa
e um dia
a morte vai chegar!
Ela,
o grande espectáculo real
depois da peregrinação.
A mesma que percorre o corredor dos tempos
de tempo a tempo.
Ela,
a que ri dos silêncios
plantados na nudez das horas
dos voos rasantes das companhias breves
e da indiferença.
Ela que ri
dos amigos que preferem a sombra
e os preceitos luzidios e mansos
de quem veste roupagem imaculada.
Deixemos
as nódoas para a hora da morte
onde ninguém repara
se as mesmas são de fel ou de mel
escorridas nos lençóis celestiais.
Deixemos
a linguagem para o deserto do nada
onde a serpente perde a pele
atiçada pela maçã
do pecado
apagando as feições do que foi vida.
O
tempo não significa nada
é um sopro de espera
na mudança das vozes.
Dalila Moura Baião, in “a chuva a gemer sobre o piano – a Pina Bausch –“,
páginas 20 e 21, Autora vencedora do II Concurso de Poesia da Associação Cultural
Draca – 2012, edições Temas Originais, série “Preto no Branco” – 6, 2020.
a vida passa
e um dia
a morte vai chegar!
depois da peregrinação.
A mesma que percorre o corredor dos tempos
de tempo a tempo.
plantados na nudez das horas
dos voos rasantes das companhias breves
e da indiferença.
Ela que ri
dos amigos que preferem a sombra
e os preceitos luzidios e mansos
de quem veste roupagem imaculada.
onde ninguém repara
se as mesmas são de fel ou de mel
escorridas nos lençóis celestiais.
onde a serpente perde a pele
atiçada pela maçã
do pecado
apagando as feições do que foi vida.
é um sopro de espera
na mudança das vozes.
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