Capa do livro "A Casa, a Escuridão",
de José Luís Peixoto
O ESCRITOR
ele
disse não sei porque escrevo o teu nome.
eu olhei para ele. eu disse o meu nome não
é tudo o que podes escrever.
ele
escrevia o meu nome num papel. ele sentava-se
numa cadeira e o luar era a luz de um candeeiro
sobre as palavras escritas.
ele
disse amo-te.
ele
disse tenho medo que um dia deixe de poder
escrever o teu nome. eu disse o meu nome não
é tudo o que podes escrever.
ele
escreveu o meu nome durante muitos anos.
e eu perguntei porque continuas a escrever
o meu nome? ele olhou para mim. e perguntou
quem és tu?
José Luís Peixoto, in “A Casa, a Escuridão”, página 31, edições
Quetzal Editores, Julho de 2014.
eu olhei para ele. eu disse o meu nome não
é tudo o que podes escrever.
numa cadeira e o luar era a luz de um candeeiro
sobre as palavras escritas.
escrever o teu nome. eu disse o meu nome não
é tudo o que podes escrever.
e eu perguntei porque continuas a escrever
o meu nome? ele olhou para mim. e perguntou
quem és tu?
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