terça-feira, 9 de dezembro de 2025

 

"Árvore despida", Outono da VIDA - 2025, por António MR Martins (Ansião).


Árvore de Natal de 2025
 
 
Este ano a voz diferencia-se
na amargura dos acontecimentos
entre funiculares amarelos
e as guerras devastadoras
neste clima visionário da inércia.
 
Minha árvore tem balas penduradas
na cor dourada
mas muito foscas
a roçar a tonalidade do bronze.
 
Este ano a minha árvore
tem um Menino Jesus com lágrimas vertidas
e um coração de batedelas incessantes,
o boi e a vaca estão magros sobremaneira
e cheios de sede
aguardando os mantimentos  que nunca mais chegam.
 
Nossa Senhora e S. José abraçaram-se,
com tal força que quebraram seus braços.
 
Há fome em Gaza, mas quem bombardeia diz que não
e a guerra continua na Ucrânia
e já passaram tantos meses desde o seu início.
 
A neve da árvore, representada pelo algodão,
escureceu amedrontada pelo tingir destes dias
e “o algodão não engana”.
 
Todos morremos, é verdade!...
Mas este mundo cada vez mais banaliza a morte,
sem sentido, sem emoção, sem preconceitos ,
sem rodeios e sem medo
simplesmente com cliques de ligeireza
num ápice.
 
Este Natal vou ter uma árvore “fantasma”,
adormecida e sem esperança!...
 
António MR Martins
(in colectânea natalícia “Numa rua completamente às escuras movem-se estes versos”, 2025, edição Poética Edições)

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