domingo, 7 de dezembro de 2014

Sara Timóteo






NOS MEUS BRAÇOS SONHA O HOMEM

 
Sonha,
julgando-se talvez menos só,
o homem de tez tristonha
que em mim residiu
durante o tempo necessário.

Não existe uma medida justa
para as maravilhas oníricas
que surgem sãs
após inúmeras investidas
em que o ser se procura
 infrutiferamente multiplicar.

Por esse motivo,
nunca levo mais do que o estipulado
quando deixo que os homens sonhem
nos meus braços de azeite.
E jamais quebro o meu voto de silêncio
e de deleite.


Sara Timóteo, in “ Elixir Vitae”, página 24, edições Lua de Marfim, Setembro de 2014.   

 
Obs. – É muito difícil escolher um poema deste extraordinário livro de poesia, perfume não perfumado da vida, perante a tamanha qualidade que nos surge, página a página, à leitura, para vos colocar aqui, sugerindo-vos a respectiva leitura. Este sentir daquilo que fomos, somos e seremos, traz-nos invulgares temáticas, dentro da vulgaridade do quotidiano, num assumir que através dos tempos, mesmo dos mais longínquos, sempre seguimos, uns atrás dos outros, ou porque sim, ou porque não, oprimidos nesse sentido, ou não, ou porque nunca lutámos, verdadeiramente, na busca dos nossos ideais (claro que isto numa análise generalizada) e deixámo-nos programar nesses completos devaneios, conjecturas, fragilidades, de grosso modo. Sara Timóteo é uma jovem autora que vou aprendendo, com enorme gosto e prazer, a conhecer nas suas palavras e a lê-las (e relê-las) e entendendo o seu contínuo escalar neste difícil mundo da escrita e a quem auguro um futuro brilhante nesse devir. Sem inveja e sem preconceitos vos digo, como sói dizer-se na gíria: - Gostaria de escrever assim quando fosse «grande»!... Proclamo que a leiam com toda a vossa atenção!… Sara Timóteo, e seus pseudónimos, merecem-no, amplamente.

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