NOS MEUS BRAÇOS SONHA O HOMEM
Sonha,
julgando-se talvez
menos só,
o homem de tez
tristonha
que em mim residiu
durante o tempo
necessário.
Não existe uma medida
justa
para as maravilhas
oníricas
que surgem sãs
após inúmeras
investidas
em que o ser se procura
infrutiferamente
multiplicar.
Por esse motivo,
nunca levo mais do que
o estipulado
quando deixo que os
homens sonhem
nos meus braços de
azeite.
E jamais quebro o meu
voto de silêncio
e de deleite.
Sara Timóteo, in “
Elixir Vitae”, página 24, edições Lua de Marfim, Setembro de 2014.
Obs. – É
muito difícil escolher um poema deste extraordinário livro de poesia, perfume
não perfumado da vida, perante a tamanha qualidade que nos surge, página a
página, à leitura, para vos colocar aqui, sugerindo-vos a respectiva leitura. Este
sentir daquilo que fomos, somos e seremos, traz-nos invulgares temáticas,
dentro da vulgaridade do quotidiano, num assumir que através dos tempos, mesmo
dos mais longínquos, sempre seguimos, uns atrás dos outros, ou porque sim, ou
porque não, oprimidos nesse sentido, ou não, ou porque nunca lutámos,
verdadeiramente, na busca dos nossos ideais (claro que isto numa análise
generalizada) e deixámo-nos programar nesses completos devaneios, conjecturas,
fragilidades, de grosso modo. Sara Timóteo é uma jovem autora que vou
aprendendo, com enorme gosto e prazer, a conhecer nas suas palavras e a lê-las
(e relê-las) e entendendo o seu contínuo escalar neste difícil mundo da escrita
e a quem auguro um futuro brilhante nesse devir. Sem inveja e sem preconceitos
vos digo, como sói dizer-se na gíria: - Gostaria de escrever assim quando fosse
«grande»!... Proclamo que a leiam com toda a vossa atenção!… Sara Timóteo, e
seus pseudónimos, merecem-no, amplamente.
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