Náufrago
A
minha casa é a ilha onde aporto em tempestades:
Tem
paredes, árvores, destroços, um náufrago;rosas brancas, trepadeiras, um pardal;
o azul do céu.
As
árvores ensombram os silêncios que o pardal quebra
na
liquidez dos vazios.
Dos
cânticos das sereias crivo estados febris
e
chamo as rosas a fortalecer ausênciasescondidas no breu dos dias vis.
Rodeia-me
o mar.
O
desânimo é meu.
E
se alguém me disser que a minha casa não é uma ilha,
é
porque não conhece a água que veste os meus dias.
Caídos
os braços
o
náufrago
sou
eu.
Conceição Oliveira, in “Da Raiz (transparências)”, página 57, edições
Palimage, Coimbra, Dezembro 2014.
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