terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Clara Maria Barata






Ainda te espero

Ainda te espero junto ao cais
como no tempo
em que trazias o mar dentro dos olhos
nas mãos o ardor do vento nu

vinhas com o fulgor do sol e a intrepidez das marés
a ternura das ondas no sorriso
nos dedos estremecidos o segredo das conchas e dos búzios

espero-te
como naquele tempo distante da inocência
quando os sonhos eram pássaros de fogo
o desejo não tinha a mácula da tristeza
e eras água pura para a minha sede

há muito tempo que te espero
sei porque te espero
não sei se chegaste a partir.

Clara Maria Barata, in “No silêncio das luzes e das sombras”, página 36, edições Temas Originais, 2014.

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