terça-feira, 24 de julho de 2018

morte repartida


Imagem da net.




a morte morreu, numa tarde
soalheira, de morte anunciada.


tal aconteceu quando
as cigarras cantavam em uníssono
o hino do desespero
e as meretrizes dançavam
escondidas
por entre os pinheiros da sobrevivência.

os seres voadores
permaneceram poisados
nos ramos da penitência
e os voos esfumaram-se
à mesma hora deste confrangedor epílogo.

todos subestimaram  
o divulgado anúncio
e as notícias ficaram arredias
de subterfúgios, sem
justificações coloridas.

a  morte morreu
de morte anunciada, em
plena tarde soalheira,
numa morte intensa
e totalmente repartida.

António MR Martins   

2 comentários:

Flor disse...

Assim que comecei a ler este seu poema revi as imagens do incêndio na Grécia e ouvi as cigarras que estão sempre presentes nas entrevistas de rua. Desconheço se foi escrito "diante" daquele horror.
Gostei imenso de ler o seu poema. Li primeiro no Facebook e depois vim até aqui. É um ambiente mais sossegado.
Obrigada.
Maria Isabel Quental

Unknown disse...

Um forte abraço. Obrigado.
António MR Martins