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Tanta passadeira descontente
na travessia das ruas
não há calma que enfrente
tanto andar atabalhoado
por um pé que passa em frente
sem o dono olhar para o lado.
Às vezes fora delas
atravessam calmamente
e só olham para a frente
ou para o lado contrário
e sempre em linha corrente.
Até param ligeiramente
em sentido consciente
num apelo à buzinadela
e lá continuam seu percurso
com orelhas sempre moucas
e os condutores de sentinela.
Vem um grito cá de dentro
esfumado num sopro valente
e o coração bate premente
que na esquina seguinte
outra passadeira nos afronta
da mesma forma insistente.
Pois também há condutores
que olham de soslaio
e não respeitam a prumo
a passagem de um peão
que sendo simples lacaio
só quer seguir seu rumo.
António MR Martins
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