Xyra Cruz Bacani (Filipinas), fotógrafa, ex. empregada doméstica.
Imagem da net.
“Somos como o ar”
na efémera palavra estendida
ao longo da objectiva aberta
e pelo olhar com que observas sentindo.
Um clique surge espontâneo
entre o serviço de teus préstimos domésticos
na azáfama da ondulação de cada dia.
Mas descobriram o tesouro
que acomodaste no teu baú
do filipino silêncio.
Todas as imagens com que interpretavas
o que vias de relevante
na nitidez ou não tanto
do inesperado (des)conforto da mente.
Agora já não serves
nem de ti se servem
de um outro qualquer modo.
Explanas a corrente dos dias,
sem contares o tempo como outrora,
das gentes que te rodeiam
entre os minutos e os segundos
das vidas em contínua viagem
e de todo o seu breve esfumar.
Agora tens um livro, o teu livro,
repleto de imagens do teu olhar
onde a cada foto tu sentes:
- “somos como ar”!
António MR Martins
2019.04.05 (Dia dos mortos em Macau, China)
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