Gisela Casimiro, imagem da net.
TU
AINDA ESTÁS VIVO
Substituamos então
Substituamos então
a serradura, os pregos e alfinetes
pelo meu sorriso,
que o teu olhar pousa em mim
como um casaco destinado
há muito a deixar de servir.
Substituamos então
o alguidar perfumado,
a sede e os lamentos
por este espinho,
que o teu corpo ousa em mim
como uma esperança
desajustada.
O templo pode enfim fechar.
Trago ao peito o pó
das tuas sandálias
e se me levanto ou
deito
as horas parecem mudar.
Em tudo isto um colo
que não ficará por cumprir
e silêncio e brasa
dentro de mim.
Gisela Casimiro, in “Erosão”, página 16, Editora
Urutau, 2018.
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