terça-feira, 24 de março de 2020

Máscara de sabão


Imagem da net.




Envolve-nos um metro
na distância da tranquilidade,
mas nada nos protege deste dilema.

Não podemos definir estratégias
pela transpiração dos póros
neste calor que nos aperta
e abrasa todos os sentidos,
nem as mãos podemos levar aos olhos,
nem limpar os cantos da boca,
enquanto as gotas do suor
caem a espaços de loucura.

Vemos um grupo maior que o nosso duo
a cerca de cinquenta metros,
são mais de vinte humanos
desumanos.

Não há possível fuga ao desespero
porque sempre nos acompanha.

Temos as narinas expostas ao vento, 
as bocas em sobressalto
e os olhos assustados pelo medo,
porque todas as máscaras derreteram,
quiçá feitas de sabão (ph neutro).

Chega-nos o aroma duma farmácia
não concebida
e o álcool em gel é a esperança
para tamanho desvario.

Mas este cheiro a farmácia
jamais será o mesmo!...

António MR Martins

Março de 2020

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