terça-feira, 4 de agosto de 2020

Lília Tavares




Lília Tavares, imagem na net.




[Há mulheres que com lisura se lavam]

 

Há mulheres que com lisura se lavam, contornando

ao de leve pequenas ilhas no corpo. Aspiram odores antigos,

cerram os olhos como se por acaso

se perdessem em memórias do lado de lá da pele.

Com lágrimas limpas se expiam nas reentrâncias, conchas

seladas para sempre onde guardam velado o sal das marés.

Nasce nelas um prenúncio de noite. A linfa do corpo

é etérea como o perfume antigo da ternura.

 

Lília Tavares, in “Bailarinas de corda”, página 41, edições poética edições, Outubro de 2019.   



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