Capa do livro "O Aquário Desenterrado",
de Samarone Lima.
INSURREIÇÃO
Meu
nascedouro foi ocupado
por insurgências.
Cresci
a meu modo
sonâmbulo e desigual
arvorando-me desarmado
e, mesmo assim, cúmplice.
Na última parte dos desejos
pintei camisas manchadas
e bebi vinhos doces
tão amargos, porém.
Foram
chuvas que me levaram
foram lágrimas que me lavaram
e segui
sentindo em cada talho
um pequeno desconforto.
Mas
a madeira do meu corpo
não cresceu a tempo.
Ficou
o ferro dos dentes
resultou a pedra nos olhos.
Tecerei
em silêncio
a forma que me devolva
o nascedouro ocupado.
Samarone Lima (Crato, Ceará, Brasil), in “O Aquário Desenterrado”,
páginas 68 e 69, colecção Os Contemporâneos, edições Confraria do Vento, Rio de
Janeiro (Brasil), 2013.
por insurgências.
sonâmbulo e desigual
arvorando-me desarmado
e, mesmo assim, cúmplice.
Na última parte dos desejos
pintei camisas manchadas
e bebi vinhos doces
tão amargos, porém.
foram lágrimas que me lavaram
e segui
sentindo em cada talho
um pequeno desconforto.
não cresceu a tempo.
resultou a pedra nos olhos.
a forma que me devolva
o nascedouro ocupado.
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