quarta-feira, 1 de março de 2023

Fosse Lisboa agradecer ao Tejo

 

Lisboa, a ponte, o Tejo e o Cristo-Rei, por Antonio Maertins.


Fosse o mar desentendido
por onde um rio lhe desagua,
perante percurso já esquecido
em água transparente e nua,
como singelo mar mais distraído
pelo rastilho do sinal da lua.

 
Fosse espraiar desinibido
pleno de alegria que magoa,
ante o rumo sempre batido
nas margens de fertilidade boa
ou num provérbio pervertido
de pensamentos sempre à toa.
 
Fosse esse mar um oceano,
por desígnio, o Atlântico,
onde a bandeira desce seu pano
e o fado ecoa seu cântico
sobre qualquer retorno insano
ou simples impulso quântico.
 
Fosse último verso-poema
frágil ou forte, que não destoa,
incansável, distante seu lema
de aprumo eficaz por coisa boa,
no pranto de um Tejo que é tema
quando se curva por Lisboa.
 
 
António MR Martins

Sem comentários: