Partilha do som,
inebriação da simplicidade
dos campos do nosso estar,
onde a profusão de sonoridades
conflui no sentido evolutivo,
indutor da perfeição vigente,
por onde permaneço.
Partilha da água,
que tilinta no seu correr
sem apetrechos potenciadores
de quaisquer limites ou tendências,
numa recriação contínua,
inovadora e persistente,
no seu jovial cortejo apaziguante.
Partilha da luz,
discernente que me rodeia,
desde o aclarar de cada manhã
até ao baixar da última noite,
disseminação das resistências,
por tantas e tantas jornadas,
onde sobrevivem as razões.
Partilha do sol,
vitalizador de conformidades,
revigorando plenos encaixes,
num soltar de ambiguidades,
por onde aviltam os salutares
raios da sua clarividência,
como anestésico para a demora.
Partilha do ar,
invasor da necessidade,
apoiante entre o desenlace
e o questionar fortalecedor,
onde respiram os múltiplos poros,
circundantes aos caminhos,
entre os extremos do labor e da diversão.
Partilha da demora,
que se sente a cada espera,
nos minutos que a estabelecem,
num esmiuçar consecutivo
sem contemplação aparente,
das conjecturas perdidas,
que se enraízam e nos desfalecem.
Partilha da palavra,
que quase tudo identifica
num apelativo rigor sem ameias,
regurgitando novas ideias
e definindo outros balanços,
que nos prendem a tantos passos
jamais concretizados.
António MR Martins