sexta-feira, 5 de outubro de 2012

se perde mais uma lágrima


desnudei-me das palavras
permitidas
sem consenso

limitei-me a este ser
e ao que ele está apenso
logo penso

que as marcas da angústia
da tristeza
da audácia
e da incerteza
têm sabor imenso

que as réstias da esperança
no labor
no viver
no amor
e no sobreviver
me deixam suspenso

que vil destino nos prepararam
de que infortúnio nos dotaram
e como nos simplificaram
continuo tenso

por fim resta-me a lágrima
sem mais querer imaginar
para a limpar
do bolso retiro o lenço

e desfraldo-o
ao vento
num adeus intenso

 
António MR Martins

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