sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Dalila Moura Baião






UM BERÇO ATRACADO NO CAIS

 
Em que nó se entornou a lata de chá
e o perfume de violetas?
Em que margem se esvaziou o futuro
dotado pelo homem em parcela de vida?

A floresta que desculpe os ramos,
enquanto se exibem nos remos junto ao cais.

Os nós apenas envergam um casaco de cordas,
num turbilhão de inverno despido, a rondar os passos
das águas, que se desprendem numa corrente de ar.

A vida é um berço atracado no cais,
que se desfaz num instante,
que o tempo desembrulha!

A tesoura, estremece o corte   
onde se espraiam os farrapos e as cinzas!

Dalila Moura Baião, in “Quando o mar corre no peito”, página 23, edições El Taller del Poeta, Pontevedra (Espanha), 2014.

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