sexta-feira, 12 de setembro de 2014

desintegração quase total


Imagem da net, em: www.anjodeluz.net



consentimento amorfo
da poluente contingência
que apruma a seca
e corrói a fertilidade

galope áspero e preciso
que amedronta a liberdade
em tórridos lamentos
ofuscando as partículas
inexistentes da felicidade

lápide da memória
que esbanja todos os sentidos
num afogadilho constante
onde os devaneios sociais
se assumem
no espartilhar da coesão da saudade

e espalham o ventricular
nas bocas inquietas
em tantas imagens esbatidas
num tempo que se amortiza
nesta vivência impagável

tudo se renega
tudo se espartilha
tudo se desapega
até à última maravilha

e assim nos mutilam
nos desencorajam
nos desintegram
até à ínfima espécie
num insolente corrupio

restam
pequenas coisas desvalorizadas
para além da vida
e de tudo o que nos rodeia

e este desvirtuado
antebraço improfícuo
perante o infindo anseio
duma terra
em vésperas de se sentir
quase “morrida”

encontra-se congelado
em rastreio final
ante a última
e ténue esperança
ora demolida

 
António MR Martins

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