segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Joaquim Monteiro






A ETERNIDADE É ESSE TOQUE

Breve e leve, pelo teu braço, se aflora o canto.
Pulsam incipientes notas no velado olhar
Onde o subtil respirar das águas surpreende.
Percorro-te lentamente com a flor dos dedos,
Tacteando a luz que tua pele emana,
Não alcançando a mácula o seu desígnio.

Suspenso estou, por invisível fio que me guia,
Que me é dado sentir, respirando apenas,
Como se a eternidade fosse esse toque,
Esses sublimes beijos no teu dorso.
Essa “canção desesperada” de teu ventre
Que no meu em se espalhando, ama.

[ó dulcíssima pele de aveludados medos,
não temais a loucura de meus dedos,
que se me apodera de teus ais.]

Joaquim Monteiro, in “À Janela do teu Corpo”, página 38, edições Modocromia, Outubro, 2014.

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