21. águas
futuras
A
palavra em que me vejo
embarcado
e livretem no seu ventre as viagens
que me beberam os dias
e as noites me devoraram.
Neste
navio de sílabas
o
som de ventos antigostraz as memórias distantes
com maresias de sonho.
Da
palavra alcanço as margens
das
ilhas imaginadase encontro a gente nativa
das terras de além do medo.
Na
palavra crio vénus
e
as ninfas do meu desejonavego as águas que invento
rasgo a bruma do silêncio.
Fernando Melro (1930-2014), in “ Memória das Águas” (Ciclo das
Águas Refluentes), página 46, edição de autor, Lisboa 2003.
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