Capa do livro "O Comboio de Lúcifer", de António Ferreira.
Edições Assírio & Alvim.
PHOTO-PIECE
As olheiras perversas glosam
a banal liturgia do andrógino:
a camisa desabotoada no peito, o jeito felino da cabeça.
Tudo isto outrora foi escrito em nome de
uma sabedoria qualquer,
do espelho votivo a que celebramos,
da ânsia carnal de estar entre a tribo.
Tudo hoje se consome no desalento da pose,
sob a voz impudica da sibila,
na estúrdia que nos absolve do caos.
António Ferreira, in “O Comboio de Lúcifer”, página 16, edições Assírio & Alvim, Setembro de 1997.
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