Gonçalo Lobo Pinheiro. Foto de António Martins.
Se a saudade falasse
Se a saudade falasse
E tu, como as águas de um rio,
Seria eu a tua represa
Para te reter em mim e me banhar.
Seria leito, seria caminho
Para te levar, para te acompanhar
Seria ar, seria fogo
Oxigénio puro, luz, calor.
Se a saudade falasse
Seria discurso, seria voz
Para a escrita te oferecer
Num simples e terno poema.
Seria essência, seria razão
Pensamento sim, porque não?
Eloquência, primazia
A tua cor, o teu sabor, com certeza… seria.
Se a saudade falasse
Serias sempre tu
Ocupante do meu sentimento,
Nas horas de longe e de lamento
Porque te amo com tudo o que posso
E serei sempre, a todo o tempo,
Os passos firmes de alguém,
Envolto em ti, seriamente, mais ninguém.
Gonçalo Lobo Pinheiro, in “Sofá das Ilusões”, página 51, edições Temas Originais, 2011.
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