Foto de António Martins, Ansião 2015.
É
Natal
o
céu está tão cinzento
uma
criança segue a chorar
a
cada esquina um lamento
nesta
quadra de encantar.
É
Natal
as
calças do menino rotas
os
sem-abrigo sem nome
as
políticas continuam loucas
a
cada travessia da fome.
É
Natal
há
presentes inacabados
às
questões respondem não
e
os simples reformados
vão
ver mais dez euros na mão.
É
Natal
suspira-se
a toda a hora
as
cirurgias não se fazem
a
saúde tanto demora
e
os doentes quase jazem.
É
Natal
há
tantos coletes amarelos
que
estrebucham dissabores
uns
descalços outros com chinelos
vão
esquecendo seus amores.
É
Natal
passa
um dia e noutro tempo
tudo
volta à mesma forma
neste
mundo de contratempo
onde
ser-se pobre é a norma.
É
Natal
os
corruptos são os maiores
nestas
leis que nos calem
os
juízes são bem menores
e
sem honra nada valem.
É
Natal
nasce
o Menino nesta noite
depois
olha à sua volta
e
antes que leve um açoite
vai-se
embora por revolta.
António MR Martins