sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Dalila Moura Baião


Dalila Moura Baião, imagem da net.





ASSOMBRO DE ASAS

No intervalo das árvores o céu rompia o útero
das nuvens e cumpria o mistério de ser rio.
Alagadas as horas, invertiam o tempo na corrida
e deslizavam para norte ocupando as águas na terra
rasgada de vozes e assombro de asas.
O peixe e o pão! Divino banquete nas bocas famintas
guiadas num verso rezado a propósito da seiva
a circular nas mãos
onde cabia uma maré de contentamento
ou simplesmente a fúria fervida
de beber a dor de nada ter. Os pássaros inventaram ninhos
onde a esperança se entrelaça! É preciso colher novo voo e
soltar as mãos!

Dalila Moura Baião, in “Quando o mar corre no peito”, página 46, edições El Taller del Poeta S. L. (Espanha), 2014.     

Sem comentários: