quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Desencontrada procura

 

Ponte desencontrada. Foto de José Sobral (na net).


Nas fissuras dos meus dedos

ardem desgostos da vida,

salpicados d’alguns medos

causas de tanta ferida.

 

Espalham às contínuas mãos

desesperos do seu sofrer,

repercutindo os senãos

ao apaziguar do viver.

 

Firmes raízes consolidam

as estripes emergentes,

enquanto dermes lidam

com os dedos mais doentes.

 

Mágoa toldada assim

nas rugas vindas da pele,

canteiro sem flores de mim

ínfimo ponto que gele.

 

Áspero sentir do imo

no culminar da saudade,

no verso que ora rimo

que anseia liberdade.

 

António MR Martins   


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