Capa do livro "Versos Sem Tempo", de Susana Nunes
QUANDO A TUA PELE
ME BEIJA
Fico
de sede em concha
posição embrionária e mágica
num enrolar de mim em caracol
e de plenitude cheia…
Por
força da força da Natureza
e quando a tua pele me beija
sinto o lume do teu aproximar quente
no meu que se espraia e se estende
no exalar perfumado da tua madrugada
Desenrolo-me
então lentamente
e de repente, a humidade do suor, cheira
faz-se maior e de nós se abeira
A
palma da tua mão contra a costa da minha
aflora rainha e desliza no escorregar doce
da veia saliente que se entrega inteira
Fico
no latejar latente
no sangue ardente que agita e serpenteia
o corpo que vibra na mente que se despenteia
Quando
a tua pele me beija
e eu sinto que só pode ser a tua
todo o amor em nós já se desnorteia
fico de convexo teu
depositado no côncavo meu
e a concha abre e fecha agora em prosa nua
Na
rua, o Sol a raiar desponta
a atravessar os orifícios da madeira
da corrida e branca persiana
Mergulhamo-nos
nos cristalinos lençóis da nossa cama
no fechar dos olhos nos brilhantes sais
porque ambos sabemos ser a forma
de hoje e sempre nos olharmos muito mais
Susana Nunes, in “Versos Sem Tempo”, páginas 133 e 134, edição de
Autor, apoio Autor Publica, 2021.
posição embrionária e mágica
num enrolar de mim em caracol
e de plenitude cheia…
e quando a tua pele me beija
sinto o lume do teu aproximar quente
no meu que se espraia e se estende
no exalar perfumado da tua madrugada
e de repente, a humidade do suor, cheira
faz-se maior e de nós se abeira
aflora rainha e desliza no escorregar doce
da veia saliente que se entrega inteira
no sangue ardente que agita e serpenteia
o corpo que vibra na mente que se despenteia
e eu sinto que só pode ser a tua
todo o amor em nós já se desnorteia
fico de convexo teu
depositado no côncavo meu
e a concha abre e fecha agora em prosa nua
a atravessar os orifícios da madeira
da corrida e branca persiana
no fechar dos olhos nos brilhantes sais
porque ambos sabemos ser a forma
de hoje e sempre nos olharmos muito mais
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